Mortes por dengue crescem 94% no País
Somente em São Paulo, 99 pessoas morreram por caus

Continua após os destaques >>
As mortes por dengue no Brasil dobraram em relação a 2009. Até 1.º de maio foram confirmados 321 casos fatais, 94,5% a mais que o registrado no mesmo período do ano passado (165). Somente em São Paulo, 99 pessoas morreram por causa da doença. Os números dos primeiros quatro meses de 2010 superam os da epidemia de 2002, quando foram contabilizadas 152 mortes ao longo de 12 meses.
ssa estatística recheada de mortes, revelada pelo Informe Epidemiológico da Dengue do Ministério da Saúde, é dramática porque, segundo especialistas, escancara um diagnóstico de autoridades sanitárias: mortes por dengue são evitáveis. "Mas, para isso, é preciso atendimento rápido e adequado. Não é necessário muito dinheiro, só boa orientação. Morte por essa doença deveria ser uma rara exceção, não uma fatalidade", diz o epidemiologista Jarbas Barbosa.
Para piorar o quadro, neste ano a letalidade da doença alcança 5% dos casos, cinco vezes mais que o considerado aceitável pela Organização Mundial da Saúde. Em São Paulo, onde foram registrados 1.737 casos, o índice de letalidade é de 6%.
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde afirmou que alguns dos fatores que explicam o alto número de óbitos são "a maior incidência de casos em relação a anos anteriores e a circulação de três diferentes sorotipos (do vírus da dengue) no Estado ao longo dos últimos anos, o que aumenta a possibilidade de reinfecção e, consequentemente, de o paciente apresentar formas graves da doença".
Em dez Estados e no Distrito Federal, os índices são ainda mais elevados. No Piauí e no Amapá, a letalidade chega a 20%.
Causas. A doença ressurgiu com força no Brasil na década de 80 e epidemias começaram a ser registradas a partir de 2002. Desde então, há dificuldade de manter índices de letalidade em níveis aceitáveis.
A epidemiologista Meri Baran, da Fundação Oswaldo Cruz, explica que o tipo 1 do vírus da dengue predominou nas epidemias mais importantes registradas em diversos Estados. "Esse foi o primeiro vírus a chegar ao Brasil, em 1986. Depois disso, tivemos epidemias pelo tipo 2, em 1991, e pelo tipo 3, em 2001 e 2002. Então, há uma geração que não teve contato com o vírus 1, mas teve dengue 2 ou dengue 3", conta. Essas pessoas, expostas agora ao vírus 1, estão sendo reinfectadas, o que provoca a forma mais grave, a dengue hemorrágica. "É importante que se faça o diagnóstico precoce."
Para o coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue do Ministério da Saúde, Giovanini Coelho, os dados de letalidade refletem a dificuldade de acesso ao atendimento. "Ao contrário dos números gerais da epidemia, as mortes estão associadas apenas ao fator saúde: atendimento rápido e eficaz", admite.
Coelho constata que o maior porcentual de óbitos é registrado em áreas urbanas, onde o sistema de saúde tem demanda alta. "Em épocas de epidemia, pacientes com dengue têm de aguardar na fila com pessoas com outras doenças, acidentados, vítimas de violência."
Um problema que poderia ser resolvido se houvesse maior organização do sistema, tarefa que cabe aos Estados, municípios e ao próprio Ministério da Saúde. "Em situações de epidemia, esquemas diferenciados de atendimento têm de ser organizados."
A necessidade do preparo de planos de contingência é lembrada há tempos pelo ministério. Faltam estratégias de emergência mesmo em áreas consideradas de risco. Coelho afirma que apenas 9 Estados e 11 capitais apresentam documentos completos e atualizados. "Nosso esforço é que, até setembro, todas as unidades tenham um plano em mãos."
ssa estatística recheada de mortes, revelada pelo Informe Epidemiológico da Dengue do Ministério da Saúde, é dramática porque, segundo especialistas, escancara um diagnóstico de autoridades sanitárias: mortes por dengue são evitáveis. "Mas, para isso, é preciso atendimento rápido e adequado. Não é necessário muito dinheiro, só boa orientação. Morte por essa doença deveria ser uma rara exceção, não uma fatalidade", diz o epidemiologista Jarbas Barbosa.
Para piorar o quadro, neste ano a letalidade da doença alcança 5% dos casos, cinco vezes mais que o considerado aceitável pela Organização Mundial da Saúde. Em São Paulo, onde foram registrados 1.737 casos, o índice de letalidade é de 6%.
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde afirmou que alguns dos fatores que explicam o alto número de óbitos são "a maior incidência de casos em relação a anos anteriores e a circulação de três diferentes sorotipos (do vírus da dengue) no Estado ao longo dos últimos anos, o que aumenta a possibilidade de reinfecção e, consequentemente, de o paciente apresentar formas graves da doença".
Em dez Estados e no Distrito Federal, os índices são ainda mais elevados. No Piauí e no Amapá, a letalidade chega a 20%.
Causas. A doença ressurgiu com força no Brasil na década de 80 e epidemias começaram a ser registradas a partir de 2002. Desde então, há dificuldade de manter índices de letalidade em níveis aceitáveis.
A epidemiologista Meri Baran, da Fundação Oswaldo Cruz, explica que o tipo 1 do vírus da dengue predominou nas epidemias mais importantes registradas em diversos Estados. "Esse foi o primeiro vírus a chegar ao Brasil, em 1986. Depois disso, tivemos epidemias pelo tipo 2, em 1991, e pelo tipo 3, em 2001 e 2002. Então, há uma geração que não teve contato com o vírus 1, mas teve dengue 2 ou dengue 3", conta. Essas pessoas, expostas agora ao vírus 1, estão sendo reinfectadas, o que provoca a forma mais grave, a dengue hemorrágica. "É importante que se faça o diagnóstico precoce."
Para o coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue do Ministério da Saúde, Giovanini Coelho, os dados de letalidade refletem a dificuldade de acesso ao atendimento. "Ao contrário dos números gerais da epidemia, as mortes estão associadas apenas ao fator saúde: atendimento rápido e eficaz", admite.
Coelho constata que o maior porcentual de óbitos é registrado em áreas urbanas, onde o sistema de saúde tem demanda alta. "Em épocas de epidemia, pacientes com dengue têm de aguardar na fila com pessoas com outras doenças, acidentados, vítimas de violência."
Um problema que poderia ser resolvido se houvesse maior organização do sistema, tarefa que cabe aos Estados, municípios e ao próprio Ministério da Saúde. "Em situações de epidemia, esquemas diferenciados de atendimento têm de ser organizados."
A necessidade do preparo de planos de contingência é lembrada há tempos pelo ministério. Faltam estratégias de emergência mesmo em áreas consideradas de risco. Coelho afirma que apenas 9 Estados e 11 capitais apresentam documentos completos e atualizados. "Nosso esforço é que, até setembro, todas as unidades tenham um plano em mãos."