Tempestade derrubou meio bilhão de árvores na Amazônia, diz estudo
Tempestade derrubou meio bilhão de árvores na Amazônia, diz estudo

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Embora tempestades sejam uma causa conhecida de mortes de árvores na Amazônia, o novo estudo - feito por especialistas da Tulane University, em Nova Orleans, em parceria com cientistas brasileiros do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) e da Unesp - é o primeiro a oferecer uma contagem mais precisa.
Segundo seus autores, o trabalho revela perdas muito maiores do que se pensava, sugerindo que tempestades cumprem um papel bem mais importante do que se supunha na dinâmica da floresta amazônica.
Fatores
Os cientistas advertem que, por causa das mudanças climáticas, tempestades violentas deverão se tornar mais frequentes na região, matando mais árvores e, consequentemente, aumentando as concentrações de carbono na atmosfera. O estudo será publicado na revista científica Geophysical Research Letters.
Uma pesquisa anterior tinha atribuído um aumento na mortalidade de árvores em 2005 na região a uma seca prolongada que afetou partes da floresta naquele ano. Mas o estudo recente identificou uma área não atingida pela seca onde houve grande perda de árvores (a região de Manaus).
Segundo os cientistas, entre 16 e 18 de janeiro de 2005, uma única linha de instabilidade com 1000 km de comprimento e 200 km de largura cruzou toda a bacia amazônica de sudoeste a nordeste, levando tempestades violentas, com raios e chuvas pesadas, provocando várias mortes nas cidades de Manaus, Manacaparu e Santarém.
Ventos verticais fortes, com velocidades de 145 km/hora, arrancaram ou partiram árvores ao meio. Em muitos casos, ao cair, as árvores atingidas derrubaram outras a seu redor.
Cálculos
Para calcular o número de árvores mortas, os pesquisadores usaram uma combinação de imagens de satélite, contagens feitas por especialistas em áreas pré-selecionadas da floresta e modelos matemáticos.
O uso associado de imagens de satélite e observações feitas no campo permitiu que os pesquisadores incluíssem quedas de grupos menores de árvores (menos de dez unidades) que não podem ser detectadas pelo satélite.
Os cálculos iniciais, relativos a áreas afetadas pela tempestade na região de Manaus, foram depois usados como base para se chegar ao número total de mortes em toda a floresta.
Os cientistas concluíram que entre 441 e 663 milhões de árvores foram destruídas em toda a floresta. Nas regiões mais atingidas, cerca de 80% das árvores foram atingidas.