Anvisa pode votar pela proibição de cigarro com sabor nesta terça-feira

Está
prevista para sair na tarde desta terça-feira (13) a decisão da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre o uso de aromatizantes nos
produtos derivados de tabaco. A resolução é o segundo item da pauta da reunião
pública da diretoria colegiada da entidade, que começa às 14h30.
Se
aprovada, a resolução vai barrar o uso de substâncias como menta e cravo, que
dão sabor ao cigarro. Segundo especialistas, esses aditivos são parte da
estratégia da indústria do fumo para atrair jovens. "O cigarro da década
de 60 e 70 não era agradável, mas havia uma propaganda que incentivava o
consumo", explica a cardiologista Jaqueline Issa, do Instituto do Coração
(Incor). "À medida que houve uma restrição da publicidade, a indústria
precisou criar um produto mais atraente."
De
15% a 17% da população brasileira é fumante hoje em dia. "Para alcançarmos
um dígito, o caminho é difícil e essas coisas que parecem pequenos detalhes
passam a ter uma importância enorme", comenta.
Associações
patronais e sindicatos de trabalhadores da cadeia produtiva do tabaco, além de
entidades públicas de municípios produtores, divulgaram nos últimos dias na
imprensa um manifesto conjunto em repúdio à resolução. No texto, o grupo alega
que não há nenhum estudo que aponte uma relação entre a incidência de fumantes
na população e a participação de cigarros com sabor no mercado. "Também
não há quaisquer evidências científicas de que esses tipos de cigarros trazem
mais riscos à saúde quando comparados aos demais", afirma, no texto.
De acordo com os representantes da indústria do tabaco, a proibição vai
desestruturar a cadeia produtiva do setor, provocará demissões e incentivará o
comércio ilegal de cigarros. O grupo pede, além da rejeição da medida, a
formação de uma câmara técnica multidisciplinar no Congresso Nacional para
discussão de uma nova proposta.