Um exercício para cada tipo de dor de cabeça

Na receita de Silvana Mei, 22
anos, não constam medicamentos como aqueles que se pode comprar na farmácia. A
recomendação médica para acabar com a enxaqueca que a atacava duas vezes por
semana foi uma só: exercícios físicos. Com informações do Portal IG.
Assim como ela, mais de 72 milhões de brasileiros sofrem com dores
de cabeça todo ano, segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Cefaleia.
Engana-se quem ainda acha que o alívio pode estar nas prateleiras das
farmácias. Quando aquela enxaqueca dá sinais de que está chegando, o melhor é
correr para a academia.
“No momento do exercício, há a produção de endorfina e serotonina, este
último o neurotransmissor do bem-estar. Ele age como uma morfina natural do
organismo”, explica a neurologista Carla Jevoux, da Sociedade Brasileira de
Cefaleia (SBC).
Para que ele seja um "santo remédio”, no entanto, a prática precisa
ser regular, ou seja, realizada no mínimo três vezes por semana. “A produção
constante desses hormônios é capaz de proteger o cérebro da dor, aumentando o
limiar de resistência a ela”, afirma.
Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Santa Catarina
conseguiu expressar os benefícios da atividade física em números. O estudo, que
ouviu mais de quatro mil pessoas em todo o país, revelou que um sedentário tem
43% mais dor de cabeça do que alguém que faz exercícios.
Antes de escolher qual atividade física praticar é preciso identificar
qual o tipo da sua dor de cabeça.
Tensional
Em muitos casos, o exercício substitui a medicação e a visita esporádica à
farmácia é transformada em ida frequente à ginástica. As cefaleias do tipo tensional
(como o próprio nome já diz, provocadas por estresse, tensão) são as que
apresentam mais melhora com o exercício.
“Em casos de estresse, o ideal são atividades que mudem o foco do
pensamento e promovam relaxamento como ioga, alongamento e pilates”, recomenda
Rodrigues. Aulas de dança de salão, sapateado, ou balé, por exemplo, também
podem entrar na lista.
ber o que está causando o problema é realmente o ponto chave para
que o tratamento seja eficaz. Dores causadas por mudanças bruscas na dieta, por
exemplo, pedem outro tipo de interferência. Para estes casos, musculação de
alta intensidade com uma hora de duração é o mais indicado.
TPM
Não bastasse a irritabilidade, a sensibilidade exacerbada e a cólica, a
tensão pré-menstrual também vem acompanhada da dor de cabeça, mais parecida com
a tensional, mas que varia com a oscilação hormonal. Para esses dias, o
professor de educação física recomenda exercícios aeróbicos progressivos.
“É melhor evitar o exercício muito intenso sem aquecimento adequado. É preciso
ir devagar, aos poucos, ou a dor pode piorar e começar a latejar”, conta.
Segundo pesquisa da SBC, 60% das mulheres sofrem de cefaleia durante o período
menstrual.
“É um hábito que costuma ser eficiente, já que ajuda na produção de
substâncias que não deixam a dor aparecer”, expõe a neurologista.
Enxaqueca
Para manter a enxaqueca longe de você, há duas opções: musculação pesada
ou exercícios aeróbios. O importante é que seja vigoroso. “Tem que ficar ao
menos ofegante. Um treino bom para isso, por exemplo, pode ser uma caminhada
mais forte como andar quatro minutos e correr um. Isso melhora o fluxo
sanguíneo e atenua a dor de cabeça”, diz Rodrigues.
Além disso, você pode optar por aulas de spinning, jump (em cima de
pequenas camas elásticas) ou boxe, que são intensas. “É possível reduzir a
freqüência das crises e a dor passa a ser mais moderada”, diz Carla.
No entanto, se a sua enxaqueca já se instalou, preste atenção na
intensidade da dor. Se estiver insuportável, evite o exercício, procure um
quarto escuro e relaxe. Mas, se a dor ainda estiver chegando, vale a pena
tentar atividades relaxantes como ioga ou alongamento.
Sem receita
Para este remédio, não há contraindicação, mas alguns casos exigem
atenção. Quem tem hipertensão, diabetes, outras doenças crônicas ou problemas
na coluna deve tomar cuidado. “É preciso ficar atento para a dor gerada pelo
exercício. Por isso, é importante uma avaliação prévia. Pode haver compressão
de vértebra, por exemplo, que faz pressão no nervo, causando dor”, relata Isaias
Rodrigues, professor de educação física da Monday Academia.
A neurologista alerta também para o caso da cefaleia do esforço físico,
que aparece depois de uma atividade extenuante. “Em geral, ela aparece se a
pessoa está em um lugar de calor, no sol ou em altitudes elevadas. Tem
características pulsáteis, mas, diferente da enxaqueca, atinge os dois lados da
cabeça. Pode durar cinco minutos ou até dois dias. O importante, nesses casos,
é procurar um médico para que ele afaste outro qualquer problema”, alerta Carla
Jevoux.