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O comentário foi feito quase no final da entrevista, dominada pela questão nuclear iraniana. Lula disse que o Irã é "apenas parte" do que precisa ser feito no Oriente Médio, a começar pelo conflito entre Israel e os palestinos. Em seguida fez uma relação com a história recente do país anfitrião.
"Eu passei parte da minha juventude sendo contra a invasão da Rússia do Afeganistão. Agora, quero paz no Afeganistão também", disse o presidente, puxando o braço de Medvedev, que pareceu surpreso.
Jornalistas russos presentes, porém, disseram que mal entenderam a declaração, devido à má qualidade da tradução simultânea. A confusão dos russos aumentou quando Lula disse que uma solução para o conflito no Afeganistão poderia incluir um projeto da Embrapa para a produção de alimentos no país asiático.
Medvedev, que já havia sido alertado por assessores de que a entrevista deveria terminar, começou a demonstrar impaciência. Quando Lula voltou a falar do Irã, dizendo que era otimista porque chegou à Presidência depois de perder quatro eleições, Medvedev o interrompeu. "Eu e o presidente Lula concordamos em conversar por telefone depois [da visita ao Irã]", disse Medvedev, encerrando abruptamente a entrevista.
Chance de acordo
Anteriormente, Lula disse que um acordo com o Irã durante sua visita oficial à Rússia, programada para entre os dias 15 e 17, tem 9,99% de chance de sucesso em uma escala de zero a dez. A declaração foi dada em entrevista ao lado de Medvedev, com quem se reuniu no Kremlin, em Moscou. O russo, por sua vez, afirmou que Lula tem 30% de chance de sucesso em sua visita ao Irã.
Lula conversou mais cedo com Medvedev sobre a crise nuclear com o Irã, país acusado pelo Ocidente de manter um programa nuclear com fins militares. Teerã nega e Lula defende que o país tem direito de manter um programa nuclear pacífico --para insatisfação dos Estados Unidos, que já disseram que o presidente está sendo enganado pelo iraniano Mahmoud Ahmadinejad.
Lula se ofereceu para mediar o conflito entre Irã e o Ocidente para evitar a imposição de uma quarta rodada de sanções no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). Do outro lado, o brasileiro diz querer persuadir o governo iraniano a cooperar com a comunidade internacional e dar garantias dos fins pacíficos de seu programa nuclear. O Brasil apresentou uma proposta segundo a qual o Irã trocaria urânio pouco enriquecido por combustível nuclear na Turquia, país que tem estreitos laços tanto com Ocidente como com o Oriente Médio. O Irã enviaria urânio ao exterior e o receberia de volta enriquecido a 20%, nível suficiente para fins pacíficos.
No ano passado, o Irã já rejeitou no ano passado uma oferta similar da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), em virtude da qual Rússia e França teriam enriquecido urânio com destino às usinas nucleares iranianas.
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