Interrogado pelo juiz Maurício Fossen, Alexandre Nardoni já chorou pelo menos quatro vezes. Ele nega ter matado a filha Isabella e diz que é a falsa a informação de que teria alterado o local do crime. Alexandre destacou que a versão apresentada pelo juiz “não existe e é mentirosa.”
Ao contar seu lado para o magistrado, Alexandre lembrou um episódio, no nascimento da menina. Segundo ele, ao chegar na Santa Casa, recebeu da médica a notícia de que Isabella havia morrido. Quando chegou perto da maca e viu a filha, disse que começou a repensar vários fatos de sua vida. Um deles era a luta que havia travado para que a mãe concebesse Isabella. “Briguei com a mãe de Ana Carolina de Oliveira porque ela queria que a criança fosse abortada”, afirmou.
Neste instante, o avô materno de Isabella, o comerciante José Arcanjo de Oliveira, deu risada diante da afirmação e se mostrou alterado. Ele foi contido pelo filho Leonardo, um dos irmãos de Ana Oliveira.
Ele lembrou também que no dia seguinte ao crime esteve no 9º DP Carandiru, a pedido da delegada Renata Pontes. O réu afirma que foi levado para uma sala isolada e colocado em uma cadeira. Ali, foi cercado por investigadores e enfrentou uma sessão de xingamentos. “Reclamei com o delegado Calixto Calil, mas ele também me disse palavras de baixo calão. Todos ali bateram na mesa, jogaram copos e garrafas em cima de mim, e uma lixeira. Eu não entendia por que estavam fazendo aquilo comigo.”
Relacionamento
Em um dos trechos da fala de Nardoni, o juiz questionou Alexandre sobre seu relacionamento com Ana Jatobá. Ele respondeu que os dois vivem muito bem e que passam por discussões como qualquer casal. Fossen, então, pediu para saber como seriam essas discussões.
“Coisas bobas, como eu querer jogar futebol e ela achar que aquela hora não é correta”, explicou. O magistrado perguntou se eles costumam se xingar. “Eu nunca xingei minha esposa. Ela, acho que algumas vezes me xingou, não lembro. Mas ela tem a voz tão alta que as pessoas acham que ela está brigando.”
Antes de começar o julgamento, por volta de 10h40, a mãe do réu, Maria Aparecida Nardoni, se aproximou da bancada com a filha Cristiane e pediu para Alexandre olhar para elas. Maria Aparecida bateu no peito, segurando um terço, e chorou. No mesmo instante, Alexandre olhou para a mãe e também se emocionou.
Em seguida, quando começou a sessão, Maria Aparecida foi retirada da sala pelo marido, Antonio Nardoni, por não conseguir segurar o choro. Até seus lábios tremiam. Até por volta do meio dia, ela não havia retornado à sala.
Ao meio dia, o réu começou a ser interrogado pelo promotor Francisco Cembranelli. Depois, será a vez da defesa. Anna Carolina Jatobá deve ser interrogada em seguida.