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A agência recomendou ainda que os medicamentos que combinam Laba com corticoides - Seredite, da GSK, e Symbicort, da Astrazeneca - sejam usados por períodos curtos e apenas em pacientes que não respondam a outros tratamentos. As drogas também são indicadas para pessoas com doença pulmonar obstrutiva crônica.
O alerta da FDA baseia-se em estudos clínicos que relacionaram o uso dessa classe de remédios ao aumento do risco de complicações severas da asma, levando à hospitalização e morte. Em nota, a agência, que em 2008 já havia alertado para os riscos desses medicamentos, pede mais estudos sobre os efeitos dos remédios.
Com a divulgação das novas restrições de uso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) se prepara para publicar nos próximos dias um informe técnico determinando o reforço nas bulas das informações relativas aos riscos. A Anvisa ressaltou, porém, que em todas elas já existem alertas. Segundo os laboratórios, as bulas informam corretamente sobre o uso e os riscos dos medicamentos, mas serão feitas alterações caso a Anvisa solicite.
Para o presidente da comissão para asma da Sociedade Brasileira de Pneumologia, Paulo Augusto Moreira Camargos, as condições de saúde pública do País são diferentes das americanas e a grande preocupação é falta de tratamento. "Temos 3 mil óbitos por ano por causa de tratamento inexistente ou ineficiente da asma", disse. "A taxa de mortalidade aqui é de 10 a 15 vezes maior que nos EUA e Europa e isso não é causado por nenhum efeito colateral de medicamentos."
Para Camargos, os benefícios dos broncodilatadores de ação duradoura ultrapassam os riscos. "Esses medicamentos precisam ser receitados criteriosamente, pois têm certa toxicidade. Mas, em casos de asma grave, é a falta deles que põe em risco a vida do paciente", afirmou o pneumologista.
As normas internacionais recomendam que os Labas sejam receitados apenas se a administração exclusiva de corticoides ou de outras classes de remédios não for capaz controlar a doença.
INFORMAÇÃO
Os riscos dos broncodilatadores são conhecidos e debatidos entre a comunidade médica há mais de dez anos e a determinação da FDA não foi surpresa, afirma o pneumologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Ciro Kirchenchtejn.
Mas, segundo ele, ainda falta muita informação para a população. "As pessoas nem gostam de chamar a doença de asma, dizem que é bronquite como uma forma de eufemismo", afirmou o médico. "Mais de 50% dos pacientes que sofrem de asma nunca fizeram o exame de função pulmonar."
Sem acompanhamento médico, a asma acaba se tornando uma doença tratada no pronto-socorro, com administração de broncodilatadores de ação curta em inalações. "O paciente tem o alívio dos sintomas, mas o processo inflamatório continua e pode piorar, provocando complicações", disse Kirchenchtejn. "Nenhum remédio vai curar a asma, mas o corticoide inalável (em bombinhas) é o melhor para controlar."
Apesar de não ter cura, a asma é considerada pelos médicos uma doença reversível. "Nossa intenção é que a pessoa tenha um padrão de vida normal. Se isso for alcançado apenas com uso prolongado de remédio, tudo bem", diz Kirchenchtejn.
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