Índice de mortalidade por aids é o dobro do Estado

Hoje, 1º de dezembro, Dia Mundial de Luta Contra a Aids, enquanto o Estado de São Paulo registra índice de mortalidade da doença de 8,2 para cada 100 mil habitantes, Araçatuba amarga um índice de 16,6, mais que o dobro do índice estadual. Trinta pessoas morreram com aids no ano passado, enquanto que, em 2007, foram 24 mortes, segundo a Vigilância Epidemiológica do CRT (Centro de Referência e Treinamento), órgão da Coordenação Estadual DST/Aids, da Secretaria de Estado da Saúde. As informações são do Jornal Folha da Região de Araçatuba.

Atualmente, o Programa Municipal de DST/Aids atende 750 pacientes de Araçatuba e região. "Registramos a cada ano uma média de 50 novos casos. Este ano, até o mês de setembro, tínhamos 36 casos e, desde 1988, foram notificados 1.179 casos somente em Araçatuba", afirmou a coordenadora do programa, Sandra Exaltação.

Para ela, o crescimento das mortes se deve ao diagnóstico tardio da doença, já que muitos pacientes descobrem a doença em fase terminal.

"Por outro lado, o aumento da procura pela testagem anti-HIV, principalmente o teste rápido, gerou um maior número de casos, proporcionando assim, quando o diagnóstico é precoce, um melhor tratamento e também qualidade de vida".

FIQUE SABENDO

Prova disso, é a superação da meta estipulada pela coordenação do programa durante a Campanha Fique Sabendo, realizada de 17 de novembro até hoje. Os mil testes rápidos enviados pelo Estado devem se esgotar hoje, quando funcionários do CTA (Centro de Testagem e Aconselhamento), órgão do programa, estarão no bairro rural de Engenheiro Taveira realizando a campanha. "A nossa expectativa era aplicar 50 testes por dia, mas ela foi ultrapassada graças ao interesse da população".

Mesmo obtendo um índice insatisfatório de mortalidade provocada pela aids, Araçatuba comemora o fato de 70 gestantes infectadas pelo vírus HIV terem seus filhos sadios, por conta do acompanhamento desde o pré-natal até a criança completar um ano e meio.

"Desde 2001, UBSs, Hospital da Mulher e Santa Casa aplicam o teste anti-HIV em gestantes que procuram o atendimento", disse. "Aquelas que apresentaram soropositivo foram acompanhadas com medicamentos e receberam leite para dar a seus filhos."

Entretanto, a coordenadora explica que algumas mulheres soropositivas não fizeram pré-natal e, infelizmente, transmitiram o vírus para os filhos. O programa tem o registro de cinco crianças de até 14 anos infectadas.

INTERESSE

As crianças também são alvos de conscientização da Aavida (Associação de Valorização, Integração e Dignidade do Doente de Aids) de Araçatuba, que promove oficinas de conscientização como forma de prevenção da doença. De acordo com a presidente da entidade, Eliandra Regina Soleira, o grupo da Aavida é convidado por vários municípios da região para promover as oficinas dinâmicas. A associação atende, atualmente, 73 pessoas cadastradas.

"A gente utiliza peças teatrais e atividades lúdicas para falarmos, principalmente com as crianças, sobre promoção de saúde, reprodução humana, gravidez precoce e as doenças sexualmente transmissíveis", explica. "E é com muita delicadeza que alguma delas acabam nos contando que sofrem abuso sexual. Quando acontece isso, a encaminhamos com urgência ao Conselho Tutelar da cidade".

As oficinas também são direcionadas aos grupos da terceira idade, uma população bastante atingida ultimamente pela doença, por conta da falta de conhecimento. "Os idosos vêm de uma geração em que não era preciso usar preservativo e também por uma questão religiosa. Por isso temos que trabalhar bastante a prevenção dentro dessa faixa etária", disse Eliandra.