"Você, que pretende matar alguém: cuidado", anuncia carro de som da PM; especialista critica iniciativa em MG
"Você, que pretende matar alguém: cuidado", anuncia carro de som da PM; especialista critica iniciativa em MG

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"Você, que pretende matar alguém, cuidado. Você está sendo monitorado pela Polícia Militar" brada gravação que ecoa pelas ruas de bairros da cidade três vezes ao dia. O áudio vem do carro de som da PM. Um batalhão polícia mineira colocou o carro de som para percorrer bairros do município de Santa Luzia (a 29 km de Belo Horizonte, na região metropolitana da capital mineira) com mensagens à população e também com alerta aos criminosos da região, a partir desta terça-feira (25) e por tempo indeterminado. Escoltado por um outro carro da polícia, o veículo circula por duas horas em cada incursão.
"Propagandas intimidatórias, que associem a questão do direito à segurança das pessoas com a ideia de intimidação, e de um certo terrorismo, não ajudam, pelo contrário, elas podem repercutir de uma sensação de medo naquela comunidade", disse o especialista em segurança.
Para Souza, a pessoa não deve ser instigada a denunciar autores de crimes de forma tão ostensiva porque, subliminarmente, o morador pode achar que está fomentando a violência ao não delatar alguém.
"A função das polícias é serem eficientes na investigação e na apreensão dos criminosos. A ação policial deve ser feita com discrição e respeito ao cidadão, mas não dessa maneira, com tanta publicidade e intimidação", afirmou.
Souza entende ser de responsabilidade do Estado e, não, da população, a questão da segurança pública. Ele avalia como negativo o fato de o carro de som ser custeado pela prefeitura e pela Câmara Municipal.
"Tanto o Executivo quanto o Legislativo não têm a função de intimidação. A prefeitura e a Câmara de Santa Luzia podem fazer muito mais pela segurança pública se, por exemplo, criarem legislações especificas para o município e auxiliarem na infraestrutura das polícias", afirmou. Ele também criticou o modo como o serviço do disque denúncia é gerido. Para ele, falta transparência e fiscalização externa ao serviço prestado pela Polícia Militar.
"Por que as pessoas têm de acreditar em um serviço que, a priori, não tem transparência pública. O disque denúncia é uma central telefônica que é operada pela polícia, que garante sigiloso de que denuncia, mas eu não conheço nenhum relatório da eficiência desse serviço, nenhum relatório que mostre como essas denúncias são processadas", avaliou.
A Secretaria de Estado de Defesa Social informou que não iria se pronunciar sobre o assunto porque a iniciativa é de alçada da Polícia Militar de Minas Gerais, apesar de ser a Polícia Militar ser subordinada à secretaria.