Raízen levanta R$ 1,54 bi com venda de usinas em MS e mira bioenergia
Raízen conclui maior venda de usinas e levanta R$ 1,54 bilhão: entenda o impacto no mercado

A Raízen (RAIZ4), maior produtora de etanol e açúcar a partir da cana-de-açúcar do mundo, anunciou nesta sexta-feira (29) a venda de duas de suas unidades produtoras no Mato Grosso do Sul, Rio Brilhante e Passa Tempo, em uma transação de R$ 1,54 bilhão. O negócio foi fechado com a Cocal Energia, grupo sucroenergético paranaense, e representa o maior desinvestimento da história da companhia.
Do valor total, R$ 1,325 bilhão correspondem diretamente à venda dos ativos e outros R$ 218 milhões se referem a investimentos de manutenção realizados durante a entressafra de 2025. O pagamento será feito à vista, mas a conclusão ainda depende de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Foco em eficiência e desalavancagem
A venda das duas unidades faz parte da estratégia da Raízen de reduzir sua alavancagem financeira e tornar sua operação mais enxuta e eficiente. Com a transação, a companhia passa a operar 25 usinas no Brasil, com capacidade de moagem ajustada para cerca de 75 milhões de toneladas de cana por safra.
Nos últimos meses, a empresa já havia anunciado outros movimentos semelhantes: a venda de 55 usinas de geração distribuída para a Thopem Energia e o Grupo Gera, além da desativação da usina Santa Elisa, em Sertãozinho (SP). Esses passos reforçam o novo ciclo de gestão, que busca otimizar o portfólio e priorizar ativos mais rentáveis.
Reação positiva do mercado
O anúncio foi bem recebido pelo mercado financeiro. As ações da Raízen (RAIZ4) dispararam cerca de 11% no pregão da B3, fechando o dia em R$ 1,21. O salto reflete a expectativa de melhora no balanço da companhia, já que a operação deve reduzir o endividamento líquido e liberar recursos para novos investimentos.
Analistas avaliam que a empresa caminha para um modelo de operação mais sustentável, mesmo com a redução da capacidade total de moagem. A percepção é de que a Raízen prioriza eficiência e rentabilidade em detrimento de volume.
O que esperar daqui para frente
Embora a operação ainda esteja sujeita à análise do Cade, a expectativa é de aprovação sem grandes restrições, dado que a Cocal atua em uma escala bem menor no setor. Caso seja concluída, a venda consolida a estratégia de desinvestimento da Raízen, que agora deverá concentrar esforços em projetos de maior retorno, como a expansão da produção de etanol de segunda geração (E2G) e avanços na frente de bioenergia.
A transação também sinaliza uma nova fase para o setor sucroenergético no Brasil, em que empresas de grande porte como a Raízen passam a buscar eficiência máxima e rentabilidade, enquanto grupos médios e regionais ampliam sua participação no mercado por meio da aquisição de ativos.
Serviço
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Operação: Venda das usinas Rio Brilhante e Passa Tempo (MS)
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Comprador: Cocal Energia
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Valor: R$ 1,54 bilhão (à vista)
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Situação: Aguardando aprovação do Cade
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Impacto: Redução da capacidade para 75 milhões de toneladas de cana por safra, maior foco em eficiência