O Guarani fechou o balanço de 2008 com uma dívida consolidada de R$ 112 milhões. Iniciou a temporada com um time modesto, sem grandes investimentos, e acabou rebaixado para a Série A2 no Campeonato Paulista. No dia seguinte à queda, porém, começou vida nova. Trouxe o conhecido técnico Osvaldo Alvarez, o Vadão, e jogadores com passagens por times grandes, como Adriano Gabiru, ex-Internacional, e Walter Minhoca, ex-Flamengo, além de outros menos conhecidos. Surpreendentemente, embalou no Campeonato Brasileiro da Série B, assumiu a liderança e nunca mais saiu, atingindo a marca de 11 jogos de invencibilidade. Mas, fica a dúvida: de onde vem o dinheiro para tudo isso?
"Essa pergunto não respondo nem sob tortura", diz o vice-presidente financeiro Jurandir Assis. "O que posso dizer é que não entrou nenhum centavo nem do Clube dos Treze e nem da CBF (Confederação Brasileira de Futebol)."
A razão para essa ausência de recursos oficiais é que o clube teria direito a pouco mais de R$ 4 milhões do Clube dos Treze e R$ 600 mil da CBF como cota de TV, mas a dívida com ambas as entidades é maior.
Assim, sem essa ajuda e ainda sem a bilheteria dos jogos - o clube tem 30% da arrecadação penhorada para pagar dívidas trabalhistas e os outros 70% são para pagar custos das próprias partidas - aumenta o mistério sobre a origem do dinheiro. "Claro que vamos colocar isso no balanço de dezembro, mas podemos por a fonte sem especificar", explica Assis.
Em Campinas, especula-se que o clube já teria recebido uma parte do valor da venda do estádio Brinco de Ouro e que não divulga isso para não atrair credores, que formariam fila na portaria do clube. O dirigente, porém, nega. "Absolutamente não é daí a origem do dinheiro."
Os comentários de que os cofres estariam ficando vazios e que a boa fase do time tem dias contados também são rechaçados por Assis. "Posso garantir que vamos honrar todos os compromissos assumidos. Os contratos com os jogadores vão até novembro e cumpriremos tudo até lá", assegura. O vice-presidente financeiro também garante que nenhum diretor precisou colocar dinheiro do bolso.
Enquanto fora de campo o mistério prevalece, dentro não há dúvidas. O time segue confiante e nem mesmo as ausências de Dão e Rodriguinho, contundidos, tiram a motivação do técnico Vadão. Se não perder para o Paraná, sábado, em Campinas, o time supera o recorde de invencibilidade do Corinthians na temporada passada, de 11 jogos. Essa marca foi igualada no empate por 1 a 1 com o Duque de Caxias na terça-feira.
Guarani esconde fórmula mágica de 'fazer' dinheiro
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