O secretário estadual de Saúde de São Paulo, Luiz Roberto Barradas Barata, declarou nesta sexta-feira (10) que considera a morte de uma menina de 11 anos em Osasco (SP) por nova gripe uma exceção. O caso é tratado como raro, pois ninguém da família relata que viajou para o exterior ou teve contato com pessoas que saíram do país.
"O caso foi uma exceção excepcionalíssima", ponderou. "Os pais não devem ficar preocupados. A secretaria está investigando qualquer morte que envolva problemas respiratórios para saber se é caso de nova gripe", disse Barradas Barata.
A vítima procurou atendimento pela primeira vez no dia 28 de junho. Tinha dor abdominal, vômito e febre. No dia seguinte, voltou ao mesmo serviço de saúde com febre de 39 graus, tosse, dores no corpo e vômito. Depois de medicada, foi liberada. Até que em 30 de junho, deu entrada num hospital privado com infecção generalizada e foi internada na UTI. Seis horas depois, sofreu uma parada cardíaca e não resistiu.
O caso da menina, no entanto, só foi descoberto depois que o irmão, de 7 anos, apresentou sintomas durante o velório dela, levantando suspeitas da família. Ele foi levado ao hospital Emílio Ribas, onde foi constatada a contaminação.
Mas para o secretário de Saúde, não houve falha no diagnóstico. “Ela não preenchia o critério de suspeita por gripe suína. Tinha febre, mas os sintomas mais importantes da criança eram as dores abdominais”, argumenta.
Segundo Barata, a infecção que levou à morte pode ter sido agravada por uma deficiência no sistema imunológico da menina. “Quando era pequenininha, dois, três anos de idade, ela teve uma hantavirose. Infecção grave pelo hantavírus. Isso pode ter deixado o sistema imunitário dessa criança comprometido. A gripe deve ter reduzido o sistema imunitário dessa criança e isso fez ela desenvolver a septicemia e consequentemente ir a óbito”, diz.
A infecção pela nova gripe também foi confirmada na mãe, de 40 anos, e no pai, de 57. O garoto e a mãe passam bem, já tiveram alta e estão em isolamento domiciliar.
O pai permanece internado no Hospital Emílio Ribas. Hipertenso, está com um leve desconforto respiratório, mas passa bem.
Outro menino que manteve contato com a família também contraiu a nova gripe, mas passa bem. Osasco registra seis casos confirmados da nova gripe.
O estado de São Paulo tem 457 ocorrências confirmadas. Do número total, cinco pacientes permanecem internados. Dois deles, ambos adultos, em UTI (um na capital e outro no interior).
Temor dos vizinhos
A confirmação da morte da menina provocou uma grande movimentação e gerou boatos na rua em que a criança morava em Osasco, na Grande São Paulo.
Ao longo do dia, segundo moradores da Rua Paulo Soares, no Jardim Santo Antônio, a movimentação no local foi intensa, o que despertou a atenção de várias pessoas que moram ou passavam pela região.
Quem ficou sabendo do motivo ficou assustado. “Vi aquele monte de carro de TV e fui perguntar o que era. Aí, fiquei sabendo que a menina morreu de gripe. Isso pega, né? E agora, como é que vai ser com a gente?”, perguntava Maria de Lourdes Gomes, de 35 anos, que vive no bairro.
Morador da casa de número 186 da rua (próxima à casa da menina morta) desde 1970, o aposentado Joel Brás disse que ficou sabendo da morte da criança há mais de uma semana e que já havia comentários de que causa seria a nova gripe. “Ficamos sabendo inclusive que mais gente da casa pegou. O pai e o outro filho. Está todo mundo comentando”, disse.
Brás afirmou que a família da criança era bastante reservada e que depois da morte não viu mais ninguém na casa. “A gente via a menina brincando com a pai aqui na frente, passava e cumprimentava, mas era só isso. Eles eram muito na deles. Depois do que aconteceu, a gente não viu mais ninguém”, afirmou.
Quem também disse não ver os vizinhos foi o motorista Gésio Antônio Chagas, de 55 anos, que mora há uma semana na casa 168, duas após a residência da menina. Ele conta que desde que se mudou nunca viu os vizinhos e, há dois dias, começou a escutar os boatos de que a menina teria morrido de gripe. “Mal a gente chega aqui e já fica sabendo de uma morte dessas. Ficamos com medo. Está todo mundo por aqui meio assustado, achando que mais gente da rua vai pegar”, falou.
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