Sindicato diz que autoridades poderiam ter evitado acidente da Air France

Sindicato diz que autoridades poderiam ter evitado acidente da Air France

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Corveta "Caboclo" da Marinha brasileira com destroços do Airbus A330 do voo AF 447 da Air France, acidentado na noite de 31 de maio Foto: Divulgação Marinha do Brasil

m dos sindicatos de pilotos da Air France está acusando as autoridades da aviação civil francesa e europeia de não terem exigido a troca dos sensores de velocidade nos aviões Airbus A330/A340, o que poderia "ter evitado o acidente com o voo 447", segundo o sindicato.

O avião da Air France caiu no dia 31 de maio no Oceano Atlântico com 228 pessoas a bordo após ter decolado do Rio de Janeiro.

O sindicato Spaf, que representa cerca de 20% dos pilotos da Air France, divulgou uma carta na qual avalia "que era responsabilidade" da Direção Geral da Aviação Civil da França (DGAC) e da Agência Europeia da Segurança Aérea (EASA) "impor ao fabricante Airbus as modificações necessárias após incidentes constatados com os tubos Pitot", os sensores que medem a velocidade do avião.

"Medidas apropriadas da DGAC e da EASA teriam permitido evitar o desencadeamento da sequência de eventos que conduziram à perda de controle do avião", diz a carta enviada aos diretores dos dois órgãos.

No primeiro relatório preliminar sobre o acidente, divulgado no dia 2 de julho, o BEA, órgão francês que investiga a catástrofe com o voo 447, declarou que falhas nos tubos Pitot "representam um elemento, mas não a causa do acidente", que ainda não foi determinada.

"Os sensores de velocidade não foram descartados da sequência (de eventos) que conduziu ao acidente. Suspeitamos que os tubos Pitot possam ter alguma ligação com a incoerência das velocidades medidas", havia afirmado, no início deste mês, o investigador-chefe do acidente da Air France, Alain Bouillard, do BEA.

O sindicato Spaf afirma na carta que "há vários anos, as tripulações dos aviões A330 e A340 vêm relatando perdas ou flutuações nas indicações de velocidade em condições meteorológicas rigorosas".

A Airbus recomendou às companhias aéreas em 2007 a troca dos sensores de velocidade devido a problemas de congelamento do equipamento em altas altitudes.

A carta cita ainda uma conferência de um responsável da Agência Europeia de Segurança da Aviação, realizada em 2007, que, segundo o sindicato, mostraria que a autoridade "tinha conhecimento de um número significativo de acontecimentos ligados ao congelamento ou a chuvas fortes", que causaram problemas nos sensores de velocidade de aviões Airbus.

Após o acidente com o voo 447, a Air France trocou todos os sensores de velocidade dos aviões Airbus A330 e A340.

Procuradas pela BBC Brasil, a assessoria da DGAC da França não foi localizada e a da AESA não retornou a ligação.

Segunda fase

A França deve encerrar nesta sexta-feira, conforme informou o BEA, a fase de busca das caixas-pretas do avião que utiliza métodos acústicos para tentar localizá-las, como o submarino Émeraude, equipado com sonares potentes.

A expectativa das autoridades francesas é de que as balizas das caixas pretas deixem de emitir sinais sonoros nesta semana.

Na próxima semana, a partir do dia 15 de julho, será iniciada uma segunda fase de buscas das caixas pretas, que utilizará robôs submarinos para tentar localizar a carcaça do avião.

Essa segunda fase de buscas, segundo o BEA, prevê que o fundo do mar seja explorado sistematicamente por robôs.

Os 640 destroços do avião encontrados nos 26 dias de operações de busca estão sendo enviados à França por navio, informou nesta sexta-feira a Airbus.

De acordo com o fabricante, os destroços, incluindo o leme do avião, devem chegar ao porto de Pauillac, no sudeste da França, na próxima terça-feira.

Eles serão analisados pelo Centro Aeronáutico de Testes, em Toulouse, cidade onde se situa a sede da Airbus.

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