Desenvolvimento sustentável e o elo com as Engenharias

Futuro das cidades passa pela adoção de alternativas verdes já no planejamento

Foto: pexels.com
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Em tempos de governança ambiental, social e corporativa ou ESG (sigla em inglês para Environmental, social and corporate governance), a sustentabilidade tem sido praticamente obrigatória às tomadas de decisão dos setores público e privado. É em meio a este ambiente de urgência por soluções para os principais desafios da sociedade, como as emergências climáticas, o crescimento populacional e a alta demanda alimentar, e motivado pelo espírito de inovação para geração de valor com menor impacto global que nasce também o conceito de cidades inteligentes.

A junção entre os pilares da sustentabilidade e do desenvolvimento recai especialmente sobre uma área profissional: a tecnológica, envolvendo a participação de engenheiros, agrônomos, geocientistas e tecnólogos no chamado desenvolvimento sustentável. Isso porque, de acordo com a Eng. Agr. Waleska Del Pietro, coordenadora da Comissão de Meio Ambiente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP), não existe cidade inteligente que não seja sustentável.

“Quando se fala em cidades inteligentes, as pessoas ainda têm a percepção de que se trata de cidades do futuro, onde tudo é digitalizado. Mas, no Brasil, antes de ter a conectividade como ponto de partida, é preciso olhar para os muitos problemas que existem, como as questões de infraestrutura, habitação e transportes, por exemplo, que só as cidades inteligentes e planejadas a partir da visão técnica dos profissionais da área tecnológica podem resolver”, afirma a especialista.

Para isso, ela defende que o desenvolvimento sustentável deve ser baseado em três aspectos principais: econômico, social e ambiental. “Isso tanto nos órgãos públicos quanto no setor privado, passando também pelo campo, que é o complemento da cidade”, argumenta. O desafio de tornar os espaços urbanos e rurais eficientes nessas frentes requer planejamento, políticas públicas e a troca das práticas convencionais por alternativas verdes capazes de atender à sociedade como um todo.

Matrizes de energia renovável, melhoria no transporte público, veículos elétricos, implantação de sistemas de saneamento 100% para as 35 milhões de pessoas que ainda vivem sem água tratada no País e às 100 milhões que não têm acesso à coleta de esgoto, segundo dados da 14ª edição do Ranking do Saneamento, do Instituto Trata Brasil, são algumas das práticas positivas.

Em se tratando de São Paulo, uma iniciativa que auxilia a implementação de tais ações de desenvolvimento sustentável é o Programa Município VerdeAzul (PMVA), lançado em 2007 pelo governo estadual com o objetivo de apoiar as cidades paulistas. O PMVA descentralizou a gestão ambiental e criou um ranking que pontua os melhores desempenhos.

O município tem 10 diretivas envolvendo todas as questões de sustentabilidade para estar no programa. São elas: município sustentável, estrutura e educação ambiental, conselho ambiental, biodiversidade, gestão das águas, qualidade do ar, uso do solo, arborização urbana, esgoto tratado e resíduos sólidos. “O estado capacita os líderes das cidades para que eles

consigam auxiliar no desenvolvimento. Eu fui interlocutora do Programa no meu município, em São Pedro, e conseguimos elevar a nota da cidade de 5 para 65 em dois anos”, conta a engenheira. “E é fundamental ter, cada vez mais, profissionais técnicos das Engenharias, Agronomia e Geociências participando para tornar o planejamento efetivo. Isso faz parte da transformação das cidades para versões mais inteligentes e sustentáveis. Sem isso não é possível metrificar as ações para que se tornem realidade”, complementa.

O Crea-SP e as entidades de classe atuam com o mesmo propósito, buscando oferecer as ferramentas para que esses profissionais sigam se aprimorando. As plataformas do Conselho do Crea-SP Capacita (www.creasp.org.br/capacita) e do CreaLab (www.creasp.org.br/crealab) são duas frentes de constante produção de conhecimento da área tecnológica. Nas associações, cursos, palestras e workshops são opções para quem procura uma qualificação específica em outros formatos.

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