O deputado Nazareno Fonteles (PT-PI), relator do processo que pedia a cassação do mandato do deputado Edmar Moreira (sem partido-MG), atribuiu nesta quarta-feira a absolvição do parlamentar a uma combinação de "amizade e corporativismo".
"Sem dúvida. Esse é um dos grandes problemas", comentou Fonteles após a sessão do Conselho de Ética que rejeitou o pedido de perda do mandato. O relatório do petista recebeu nove votos contrários e apenas quatro favoráveis. Houve uma abstenção.
Famoso por ser proprietário de um castelo com 36 suítes, avaliado em R$ 25 milhões, no município de São João Nepomuceno (MG), Edmar Moreira foi processado por mau uso da verba indenizatória da Câmara, recurso no valor de R$ 15 mil a que todo parlamentar tem direito.
Segundo a acusação, o deputado justificava os gastos com segurança apresentando notas fiscais de sua própria empresa, além de receber mensalmente o valor em dinheiro vivo, e não em conta bancária como determina a legislação.
De acordo com o relator, desde que apresentou os documentos para o pedido de cassação do deputado do castelo, outros parlamentares começaram a tratá-lo de forma diferente, afastando-se dele.
"Eu já sinto a diferença em relação até depois que eu apresentei o voto. As pessoas imaginam como se a gente não pudesse manter a civilidade e o tratamento cordial", avaliou. "Não posso ter o coleguismo. Por muitas falhas parecidas terem tido no passado, as pessoas não se sentem à vontade para julgar quem cometeu uma prática semelhante."
Ex-corregedor da Casa, cargo responsável por investigar irregularidades cometidas por deputados, Edmar Moreira chegou a dizer que poderia não ter condições de julgar seus pares por uma questão de amizade. Após a absolvição, ele se recusou a dizer se teria sido essa amizade a responsável por livrá-lo da cassação.
Deputado do castelo foi absolvido por "amizade", diz relator
