Ministério Público vai investigar cartazes contra vacina em Araçatuba

Ministério Público vai investigar cartazes contra vacina em Araçatuba

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

O caso dos cartazes chamando as vacinas de veneno, que foram fixados em postes de Araçatuba nos últimos dias, será investigado pelo Ministério Público. O órgão já enviou ofício para a Prefeitura local pedindo informações sobre os casos. Os responsáveis, se identificados, poderão sofrer ação civil pública por danos coletivos à infância e juventude.

A Prefeitura enviou ontem a resposta com informações sobre a vacinação na cidade e dados sobre campanhas a favor da vacina e das campanhas que pretende realizar nas próximas semanas até em escolas. A administração também enviou mensagem de que é completamente contra a mensagem disseminada nos cartazes.

A Folha da Região teve acesso a imagens que mostram uma mulher pregando um destes papéis em pontos de iluminação localizados perto de uma das UBSs (Unidades Básicas de Saúde). A filmagem feita por uma câmera de segurança de um condomínio mostra uma mulher descendo de um carro, pegando o cartaz com um passageiro e colando a mensagem.

O material erroneamente afirma que as vacinas ainda estão em fase experimental, não imunizam e podem causar diversas doenças. Esses argumentos antivacina são repudiados por especialistas.

A Secretaria de Saúde de Araçatuba diz que os cartazes foram a primeira ação do tipo na cidade e que “não apoia atos contrários à vacina e à ciência.”

A pasta reforça que a segurança e a eficácia dos imunizantes sãocomprovadas e que pais e responsáveis devem levar os filhos para tomar a vacina contra o coronavírus.

REPERCUSSÃO

O caso de Araçatuba teve grande repercussão nacional. Para Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, diretora de inovação do Instituto Butantan e do CENTD (Centro de Excelência para Descoberta de Alvos Moleculares), pais e responsáveis “têm a responsabilidade de vacinar porque é a forma mais inteligente de proteger as pessoas de doenças infecciosas”.

“Há pouco tempo a gente via 4.000 pessoas morrendo por dia no Brasil (de Covid-19) e isso acabou. Temos ainda , mas principalmente de pessoas não vacinadas. O reflexo da vacinação é óbvio, o resultado é gigante”, afirma a diretora.

Ela lembra que os imunizantes passaram pelo crivo das agências regulatórias nacionais e internacionais para que fossem aprovados e, por isso, são seguros.

O médico Marcelo Otsuka, vice-presidente do departamento de infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo, reforça que as vacinas contra Covid-19 já passaram há tempos da fase de testes.

Ele ressalta que, mesmo antes da liberação pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), já havia dados de outros países demonstrando a segurança das doses infantis.

Renato Kfouri, médico e presidente do departamento científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, chamou de “absurdas” as informações propagadas pelos grupos antivacina em casos como o de Araçatuba.

“Achava que aqui no Brasil a gente não veria tão cedo esses grupos antivacina prosperarem, mas no esteio do Ministério da Saúde e do próprio presidente, a gente tem um crescimento entre esses seguidores”, afirma Kfouri.

Para ele, ao dizer que não se vacina e que a filha Laura, de 11 anos, não vai se vacinar, o presidente Jair Bolsonaro (PL) reforça o discurso anticiência.

“É um desserviço enorme para a população fazer propaganda desse tipo. A Covid na pediatria não é desprezível, já vitimou crianças e adolescentes, há dezenas de milhares de hospitalizações. Não há por que você não vacinar suas crianças e dar a elas o direito de proteção contra uma doença potencialmente grave”, diz Kfouri.

“Quem está com medo da vacina, deveria ter medo da doença”, completa.

Leia mais notícias em andravirtual

Curta nossa página no Facebook

Siga no Instagram

Últimos Destaques

Publicidade

Para otimizar sua experiência durante a navegação, fazemos uso de cookies. Ao continuar no site, consideramos que você está de acordo com nossa Política de Privacidade

close