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A forma
de se alimentar quando criança - tanto em variedade, qualidade e quantidade- é
decisiva para o comportamento à mesa na vida adulta. Pesquisas comprovam que o
paladar se forma na infância, por isso, ter uma relação saudável com os
alimentos durante essa fase da vida é fundamental.
"As primeiras
interações com a comida trazem consequências lá na frente, por isso, se a
criança aprender desde cedo a se relacionar de forma positiva com aquilo que
come, terá uma relação tranquila com o ato de comer durante toda a vida",
avalia a PHD em Nutrição Sophie Deram, autora do best-seller "O Peso das
Dietas".
Educar o paladar da
criança é uma das principais formas de prevenção da obesidade infantil e
adulta. Segundo dados do Ministério da Saúde, 12,9% das crianças brasileiras de
5 a 9 anos convivem com obesidade. O mesmo estudo aponta que crianças acima do
peso têm 75% mais chance de serem adolescentes obesos, e que, entre os
adolescentes obesos, há 89% de chance que se tornem adultos obesos.
"Muitos pais me
procuram para obter dicas para fazerem os filhos comerem bem, geralmente por se
depararem com dificuldades como a recusa ou seletividade alimentar. Minha
primeira dica é que os pais procurem fazer eles mesmo as pazes com a comida e
dispor de tempo para se dedicar à alimentação dos filhos, principalmente na
fase da introdução alimentar - que em geral se inicia em torno dos 6 meses e
vai até cerca de 12 meses. Se não for possível que os próprios pais promovam a
educação alimentar do bebê, é preciso que estejam alinhados com todos os
cuidadores da criança - avós, professores, babás- sobre as melhores táticas
nesse sentido", diz.
Abaixo, a
especialista selecionou 5 dicas para educar os pequenos à mesa:
Invista na variedade
Ofereça alimentos
frescos e caseiros, com a maior variedade possível e buscando torná-los
atrativos no prato. "Crianças podem ser incentivadas, desde cedo, a
experimentar de tudo de maneira saudável, sempre incluindo diariamente itens
dos diferentes grupos alimentares- vegetais, legumes, frutas, grãos",
ensina Sophie.
O ideal, segundo a
nutricionista, é montar um cardápio semanal contemplando diferentes tipos de
grãos, proteínas, legumes, verduras. "Se hoje a criança comeu frango,
cenoura, brócolis e arroz integral, por exemplo, amanhã o cuidador oferece
peixe, grão de bico e outros tipos de legumes. É muito importante variar
bastante e montar pratos saborosos, coloridos e atrativos visualmente, pois é
assim que se cria um paladar rico e diversificado", diz a especialista.
Estimule os 5 sentidos
Outra dica
importante, segundo a PHD em Nutrição, é deixar o bebê explorar os alimentos
livremente. "Os vegetais e carnes devem ser cortados em pedaços, em cortes
seguros para não haver engasgo, e ofertados para que a criança os segure com as
mãos, possa sentir o cheiro, o gosto e a textura", sugere Sophie.
Muitas vezes os pais
se preocupam demais com a sujeira e a bagunça na cozinha, mas essa fase de
exploração é muito importante. "Dê essa oportunidade ao seu bebê, isso
será decisivo para a boa alimentação dele no futuro", ensina ela.
Evite as distrações à mesa
Um erro comum entre
pais e cuidadores é recorrer à distrações na tentativa de fazer a criança
aceitar o alimento com mais facilidade. Segundo a nutricionista, essa é uma
grande armadilha, porque o bebê passa a associar aquela distração - seja TV,
tablet, música alta etc) à hora de comer, e depois será difícil fazer essa
dissociação.
"Não apele para
esse tipo de artifício, e não se desespere se seu bebê não comer tudo o que for
oferecido, ou mesmo se alguns dias demonstrar desinteresse pelo alimento. Isso
é natural e faz parte do processo, preocupe-se mais com a variedade e a
qualidade do que é oferecido do que com a quantidade que a criança come".
Crie um ambiente tranquilo e agradável
O local em que a
criança come e como ela está se sentindo na hora da refeição é outro fator
crucial. "O ambiente e o contexto em que as refeições são oferecidas deve
ser observado. É importante que a criança se sinta confortável, então,
verifique se a comida é oferecida em um local adequado, e se não tem algum
fator que cause irritação. Há crianças que não gostam de cadeirão, por exemplo,
nesse caso, pode ser mais interessante oferecer as refeições em uma mesinha
infantil", ensina.
Outro ponto a se
atentar é o quão barulhento ou agitado está o ambiente, "Se há muito
estímulo (TV ligada, mesmo que ao fundo, muitas pessoas passando ou falando), a
criança pode se distrair e deixar o alimento de lado", afirma.
Não insista demais e tenha paciência
Pressionar a criança
a comer, ficar nervoso diante de uma recusa ou insistir demais são erros que só
atrapalham o processo, tornando a hora da refeição estressante e podendo até
mesmo criar traumas.
"É preciso usar
e abusar da paciência, ter criatividade e bom humor, usando palavras de
incentivo. Manter contato visual e conversar com a criança também ajuda
bastante. Dessa forma, fica mais fácil entender quando a criança está
satisfeita e quando ainda parece interessada pelo alimento", pondera.
Promover a educação
alimentar de uma criança não é tarefa fácil, diz Sophie. "É um trabalho
que exige dedicação, mas muito recompensador. Pense que, no futuro, estará
poupando seu filho de vários problemas em relação à alimentação, e fazendo com
que seja um adulto feliz. Criar um filho em paz com a comida é o melhor
presente que uma mãe ou pai pode oferecer", finaliza.
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