Chineses e latinos fazem a festa fora do Ninho de Pássaro

Chineses e latinos fazem a festa fora do Ninho de Pássaro

Chineses e latinos fazem a festa fora do Ninho de Pássaro -
Gostou da notícia? Compartilhe com seus amigos!
📢 Compartilhe no WhatsApp 🚀
Continua após os destaques >>
Três da tarde desta sexta-feira. Ainda faltavam cinco horas para a abertura dos Jogos Olímpicos, mas as ruas de Pequim já estavam desertas. Hoje foi feriado na cidade. Todos voltaram para casa mais cedo. Inclusive os táxis – que sufoco conseguir um! Os chineses queriam assistir de camarote, pela TV, a grande festa.

Nossos tradutores –jovens estudantes de português e espanhol – bem que tentaram, mas não conseguiram disfarçar a frustração de não poder acompanhar o ritual da grande maioria dos chineses. Mas nem todos ficaram em casa. Milhares de chineses e turistas também saíram às ruas no começo da noite e apinharam-se em pontos estratégicos, como a Praça da Paz Celestial, onde haveria queima de fogos.

Wang, de 19 anos, foi até o Coca Cola Olympic Shuang Zone (uma megaestrutura montada pelo patrocinador oficial dos Jogos de Pequim) para tentar assistir pelo telão, ainda que do lado de fora. Ele mora em Cingapura com a família, não tem ingressos para nenhuma competição mas fez questão de vir a Pequim para sentir, de perto, a energia dos Jogos esperados há décadas pelos chineses. E preparados exaustivamente durante os últimos sete anos. “Tenho orgulho por meu país estar sediando uma Olimpíada, é um momento histórico”, diz ele, enrolado na bandeira da China.

Mas a maior concentração de pessoas foi mesmo nas redondezas do Estádio nacional, o Ninho de Pássaro, onde ocorreu a cerimônia de abertura. Esqueça a imagem padrão de portas de estádios - pessoas bebendo, pulando, se empurrando, gritando, brigando, vendedores ambulantes por todos os lados, cambistas, pedintes. Nada disso. Os chineses, grande maioria entre os turistas, apenas observavam ao longe a queima de fogos e o movimento das luzes multicoloridas no Cubo de Água, o Centro Aquático Nacional, construído em frente ao Ninho de Pássaro. Extasiados.

Lá vem um grupo mais animado, pulando e cantando. Brasileiros, claro. Paulistas. São quatro: Paulo, Eduardo, Mário e Renata. É a primeira Olimpíada de Paulo. Tem ingressos para partidas de handball, basquete e vôlei de praia. Ficou de fora da festa de abertura, mas não se incomoda com isso. “O que me surpreende é a alegria como festejam, não é a nossa agressividade. O brasileiro é muito impulsivo”, afirma Paulo Geraldini. “Os chineses transpiram espírito olímpico e têm uma energia muito positiva”, completa. Eduardo Pereira tentou conseguir convite para a abertura até o último minuto. Não largou o celular, caso algum amigo desse sinal positivo. Não foi dessa vez. Tudo bem. “Agora vou tentar a cerimônia de encerramento”, conta Eduardo.

A empolgação latina contagia um grupo de chineses que passa. Em seguida estão todos abraçados, bandeiras do Brasil e da China lado a lado e gritando numa só voz ZhongGuo JiaYou, ZhongGuo JiaYou – Viva a China. O grupo passa e volta o silêncio. Novo burburinho. Um sãopaulino de 73 anos fazia a maior farra com duas mexicanas, 45 anos mais novas. Pura alegria. Frustrados por estarem do lado de fora? Nem um pouco. Muito pelo contrário. “É fantástico ficar aqui fora. Lá dentro é magnífico, mas não tem essa liberdade aqui”, diz Enoque Alves da Silva, aposentado da Vasp que já esteve nos jogos de Atlanta, Sidney e Atenas. “O sabor das Olimpíadas está aqui, ao vivo e a cores”, afirma a arquiteta Ivone, de 26 anos. “Aqui estamos melhores”, completa a amiga Ailyn, engenheira de 27 anos. As duas vieram da cidade do México, só para os Jogos Olímpicos.

Anissa Hu, de 19 anos, e Xu Jianfei, de 20, param para ver a alegria latina. Os dois são da província de Guan Dong, no Sul da China, próximo à Hong Kong. Hu adoraria assistir provas de natação e ginástica olímpica. “Há atletas muito bons e famosos na equipe chinesa”, justifica Anissa. Ela não está frustrada por estar do lado de fora da festa de abertura. “É bom experimentar essa atmosfera, ver essas pessoas gritando (os latinos). É bacana”, diz. “Estamos realmente nos divertindo”, garante Xu, que também é voluntário destes jogos.

E assim as horas vão passando e a festa vai se encaminhando para o final. Policiais ordenam, em alto-falantes, que as pessoas recuem e comecem a se retirar. E todo mundo obedece, em silêncio. Dão meia volta e vão deixando para trás o momento tão esperado. Felizes e orgulhosos por terem presenciado, ainda que de muito longe, um momento histórico.

📢 Leia mais notícias em

AndraVirtual 🔗

📲 Acompanhe nas redes sociais

Veja mais >>

Para otimizar sua experiência durante a navegação, fazemos uso de cookies. Ao continuar no site, consideramos que você está de acordo com nossa Política de Privacidade

close