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Nada está perdido, ao menos por enquanto. Esse é o recado
que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, tem buscado passar a aliados um
mês após ter seu nome incluído na lista de políticos suspeitos de receber
doações da Odebrecht via caixa 2 e ficar na pior posição entre os tucanos em
pesquisa Datafolha de intenção de votos para 2018. A ordem é mostrar que a disputa
pela indicação do partido só começou, que Alckmin está vivo no jogo e não
pretende "jogar a toalha".
Como estratégia, o tucano lançou novas peças publicitárias que exaltam a
capacidade de gerar empregos, adotou uma agenda positiva, com inaugurações e
nomeações de novos servidores, e retomou o plano de fazer viagens para fora do
Estado - no sábado participou de uma colheita de café no Espírito Santo, ao
lado do governador Paulo Hartung (PMDB) e, até a próxima quinta, cumpre
compromissos nos Estados Unidos para divulgar seu programa de concessões.
O roteiro pelos Estados Unidos tem o prefeito de São Paulo, João Doria, como
companhia. Também cotado para disputar uma vaga na corrida presidencial de
2018, o prefeito tem a vantagem de não ter sido citado na Lava Jato e de
representar, ao menos no discurso, a figura do gestor que não é político. Mas
ainda é visto com ressalvas por caciques tucanos, que o deixaram de fora do
programa partidário que foi ao ar em rede nacional na semana passada.
Para o ex-senador José Aníbal, aliado de Alckmin, ainda é muito cedo para saber
o que se pode esperar do prefeito paulistano. "Na esteira do não político
surgiram todas as ditaduras", disse. "Queremos um Brasil sem
sobressaltos, com segurança, com alguém dizendo o que vai fazer e
fazendo", afirmou, em referência ao governador paulista.
Aliados
Aproveitando o apoio de nomes importantes do partido e de possíveis aliados de
outros Estados - caso de Hartung -, Alckmin tenta mostrar que o abatimento
inicial por ter sido citado na Lava Jato já passou e que a meta agora é
ressaltar seu histórico político e sua capacidade para governar, gerar empregos
e aumentar a renda - lemas de uma possível campanha em 2018.
Também faz parte do planejamento ressaltar que as denúncias que envolvem o nome
do tucano não dizem respeito a pagamento de propina. O discurso de que Alckmin
não é corrupto, tem vida modesta e patrimônio inalterado desde que entrou na
vida pública tem sido repetido por secretários e deputados próximos.
"Ele é uma pessoa correta, honesta, com uma vida transparente, que afirma
que não é corrupto. Mas do jeito que foi divulgado, ficou parecendo que ele
tivesse cometido crime, lavagem de dinheiro ou algo do tipo. É claro que o
governador não pode estar feliz com isso, é alguém de princípios, até por ser
muito religioso. Mas não tenho dúvidas de que aquele constrangimento inicial
passou e agora é seguir o curso normal de pré-candidato" disse o deputado
federal Silvio Torres (PSDB), um dos principais articuladores de Alckmin.
Segundo palavras do próprio Alckmin, não há desânimo algum. "Estou
extremamente animado para servir à população. É óbvio que cargo majoritário não
é uma decisão pessoal, é coletiva e também não é agora. Tudo tem seu tempo, mas
estamos super animados", afirmou à reportagem. O tucano ainda ressaltou
que tem se preparado de noite e aos fins de semana, quando estuda os temas
nacionais.
A ordem interna é que essa fala otimista de Alckmin seja repetida pelos
integrantes do governo. "Por enquanto, ninguém está dentro e ninguém está
fora da disputa. Não é hora de jogar a toalha nem de se enrolar nela",
afirmou o sociólogo Antonio Lavareda.
Para o cientista político José Alvaro Moisés, o nome de Alckmin ainda tem
potencial eleitoral, mas desde que ele renove o seu discurso. "Acho que
ele tem de se adaptar à nova realidade, que exige mais transparência e consulta
à população."
Enquanto Alckmin tenta se manter na disputa, Doria corre por fora e nos
bastidores. Oficialmente, o prefeito continua negando qualquer intenção
eleitoral em 2018. "Quero deixar bem claro que não sou candidato",
disse nesta segunda-feira, 15, em evento promovido pela Fundação Getulio
Vargas, em Nova York. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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