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O Brasil tem 294 agrupamentos de municípios com forte
integração entre as suas populações, ou seja, com grande número de pessoas que
se deslocam dentro dessas áreas para trabalhar e estudar. Segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 55,9% da população brasileira, ou
seja 106,8 milhões de pessoas, residem nos 938 municípios que integram esses
agrupamentos, chamados de “arranjos populacionais”.
Em muitos casos, esses arranjos populacionais formam uma
única mancha urbana (conurbação), como São Paulo e 30 municípios vizinhos.
São Paulo é o maior desses arranjos populacionais, com 19,6
milhões de habitantes. Integram esse agrupamento grandes municípios como a
capital paulista (com 11,2 milhões de pessoas), Guarulhos (com 1,2 milhão),
Osasco, Santo André e São Bernardo do Campo (os três com mais de 600 mil habitantes),
e também pequenos, como Pirapora do Bom Jesus (com apenas 15 mil).
O Rio de Janeiro é o segundo maior arranjo populacional, com
11,9 milhões de habitantes espalhados por 21 municípios, seguido por Belo
Horizonte (4,7 milhões de pessoas se deslocando em 23 municípios), Recife (3,7
milhões em 15 municípios), Porto Alegre (3,7 milhões em 26 municípios),
Salvador (3,4 milhões em nove municípios) e Brasília (3,4 milhões em 11
municípios do Distrito Federal e de Goiás).
O maior fluxo de pessoas para trabalhar e estudar em
municípios do Brasil foi registrado entre São Paulo e Guarulhos (146,3 mil
pessoas). Mas nem todos os fluxos importantes incluem os núcleos dos arranjos
populacionais. O segundo maior fluxo, por exemplo, ocorre entre as cidades de
São Gonçalo e Niterói, ambas integrantes do arranjo populacional do Rio de
Janeiro (120,3 mil pessoas).
Há arranjos populacionais que ultrapassam as fronteiras
nacionais. Vinte e sete agrupamentos de municípios incluem cidades de países
vizinhos como o Paraguai, Uruguai, a Argentina e Colômbia. O maior deles é o de
Foz do Iguaçu-Ciudad del Este, que inclui sete municípios e 675 mil pessoas no
Brasil, Paraguai e da Argentina.
O IBGE não encontrou arranjos populacionais apenas em
grandes regiões metropolitanas do país. Alguns deles sequer chegam a 10 mil
pessoas, como é o caso de Serranos-Seritinga, em Minas Gerais, que tem
população de 3,8 mil habitantes.
As informações são do estudo inédito do IBGE Arranjos
Populacionais e Concentrações Urbanas do Brasil, que buscou mapear as
interações entre as cidades brasileiras, com base em dados do Censo Demográfico
de 2010. Segundo o pesquisador do IBGE Maurício Gonçalves e Silva, o
estudo é uma importante fonte de informação para o planejamento de políticas
públicas conjuntas e de investimentos privados.
“É mais um estudo que vem adicionar conhecimento do
território, podendo ajudar na parte da mobilidade, educação, de bens e
serviços. Os grandes espaços urbanos geralmente já têm muitos estudos, então
esse trabalho vem complementar. Mas o mais importante é dar essa visibilidade
para municípios pequenos e médios, que não têm estudos como esse”, disse Silva.
No estudo, o IBGE também descreveu um arranjo único no país,
em que vários agrupamentos municipais mantêm integração intensa com a Grande
São Paulo. A chamada cidade-região de São Paulo reúne 11 arranjos populacionais
(entre eles a Baixada Santista, Campinas e São José dos Campos), 89 municípios
e 27,4 milhões de habitantes.
O eixo Rio-São Paulo não chega a representar um arranjo
populacional ou uma cidade-região, mas foi reconhecido pelo IBGE como um caso
especial porque, apesar da distância de mais de 400 quilômetros, tem fluxo
constante de mais de 13 mil pessoas que moram em uma região metropolitana e
trabalham e estudam em outra.
Segundo o IBGE, os arranjos populacionais se formam
principalmente por motivos econômicos, já que, em geral, habitantes de
municípios menores e mais pobres buscam alternativas de emprego e estudo em
vizinhos. Há ainda situações em que a causa da formação do arranjo é política,
no caso de municípios que são separados, mas mantêm ligação histórica como se
ainda fossem um só.
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