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Andar desacompanhada pelas ruas de Belo Horizonte não
era uma tarefa fácil para a estudante Débora Adorno, de 22 anos. Para fugir das
cantadas mal intencionadas que sempre lhe causavam constrangimento, a estudante
desenvolveu uma estratégia inusitada e que tem surtido efeito, a “careta do
dentinho”. As informações são do portal G1.
“Estava perto da rodoviária, e quem conhece a região sabe
que lá os passeios e ruas ficam lotados de vendedores ambulantes. Uma das ruas
estava bem cheia e fui obrigada a andar mais devagar. As cantadas começaram de
forma agressiva e eu me senti presa, impotente e quase sufocada mesmo”, relata.
Diante da situação, a jovem resolveu se defender com uma de suas marcas
registradas. “Um cara veio na minha direção me encarando. Antes de ele falar
alguma coisa eu soltei logo a careta do dentinho. Ele achou tão estranho que
passou reto”, brinca.
A estudante conta que depois de começar a usar essa técnica, onde encolhe o
lábio superior e deixa dentes e gengivas à mostra, o constrangimento foi
inverso. Segundo ela, as palavras desrespeitosas e situações constrangedoras pararam
e alguns homens chegam a ficar sem reação diante da careta que ela faz. “Depois
disso, choveu um arco-íris dentro de mim, porque de uma hora pra outra não era
mais eu quem estava desconfortável. De uma hora pra outra não era mais eu quem
estava desviando o olhar, não era mais eu quem estava apertando o passo”,
comemora.
No Facebook, onde compartilhou toda a situação, Débora
Adorno recebeu apoio de conhecidos e desconhecidos. Até as 20h30 desta
terça-feira (17), o post na internet tinha mais de 19 mil visualizações.
A careta já conquistou várias adeptas. “Migaaa, adorei seu relato e já
fiz essa maravilhosidade tb (mamãe me ensinou a arte do dentinho desde nova).
Dentinhos unidos espantam pervertidos”, brinca uma jovem na publicação.
Para Débora, essa simples brincadeira levanta uma questão vivida por quase
todas as mulheres, que são obrigadas a se desviar deste tipo de comportamento,
quase que diariamente. “O problema não é se eu estava acompanhada ou não, se eu
sou bonita ou não, nem se eu estava de decote ou não. O problema são os homens
acharem que meu corpo é público, acharem que tem o direito de me abordar e me
constranger. Eu não sou um pedaço de carne”, disse Débora.
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