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"Se tiver muita papelada, eu
não vou votar [no 2º turno]. Tenho medo de acontecer de novo". A frase é
da aposentada de 70 anos que se feriu após escorregar em santinhos,
panfletos de candidatos das eleições, quando estava a caminho da votação em São
Carlos (SP). Ainda se recuperando dos ferimentos da queda, Rosa Maria Stancati
contou ao G1 que ficou triste por não ter conseguido votar, pois
queria exercer sua função de cidadã, mesmo não sendo obrigada. Ela registrou
boletim de ocorrência e pretende entrar com uma ação para ser indenizada. O
Ministério Público Eleitoral (MPE) ainda tenta identificar os responsáveis.
O acidente aconteceu quando Rosa se
dirigia à Fundação Educacional São Carlos (Fesc), no Centro, local
onde votaria. Quando atravessava a rua, ela escorregou nos santinhos
espalhados, caiu e bateu a cabeça no chão. Com sangramento, ela foi imobilizada
e socorrida pelo Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu) até a Santa
Casa de São Carlos. Ela ficou internada em observação, mas não foi constatada
nenhuma fratura, sendo liberada no fim da tarde do mesmo dia.
Após o susto, a idosa afirmou que está se sentindo melhor, apesar de ainda
sentir dores no corpo. “Pensei até que tinha rachado minha cabeça, mas foi só
um machucado feio que sangrou muito. Machuquei as mãos também e estou com o
olho preto por causa do impacto”, contou.
Com 70 anos, a legislação eleitoral permite que o voto seja opcional, mas Rosa afirmou que faz questão de escolher seus candidatos sempre que pode. Por conta do acidente, a mulher não conseguiu votar a tempo. “Fiquei triste por causa da queda e por não ter conseguido votar. Tive que ir para a Santa Casa e depois fui para casa descansar”, explicou.
Indenização e exemplo
A aposentada registrou um boletim de ocorrência e fez um exame de corpo de
delito para averiguar as consequências do acidente. Ela já entrou em contato
com seu advogado para pedir uma indenização aos responsáveis. “Foi a primeira
vez que cai por causa de santinhos. Eu voto na [Escola Estadual] Professor Luiz
Augusto, e o que tinha de papel jogado lá era um absurdo. Não dava nem para ver
a calçada ou a rua. Os políticos precisam parar com isso. Se continuar, eu não
vou mais [votar], porque é muito difícil andar e muito fácil de cair. Tinha que
haver fiscalização”, desabafou Rosa.
Os políticos precisam parar com isso. Se continuar, eu não vou mais [votar], porque é muito difícil andar e muito fácil de cair. Tinha que haver fiscalização"
Apesar da queda, ela ficou feliz
com a repercussão da história e espera que ela sirva de exemplo. “Gostei de ter
visto a história se espalhar. Um monte de gente veio comentar que me viu na
internet e na televisão. As pessoas têm que ver e saber o perigo disso. Será
que quem jogou aqueles santinhos não tem mãe, pai ou avós? Abençoo a educação
que tive, pois meus pais ensinaram a não poluir”, ressaltou.
Em relação ao segundo turno, a aposentada afirma que quer votar, mas teme
encontrar os santinhos nas ruas novamente. “Se tiver muita papelada, eu não vou
votar. Tenho medo de acontecer de novo. Não fui só eu que caí, sei que outras
pessoas também escorregaram. E não são só os idosos que podem cair, poderia
acontecer algo com uma mãe com criança no colo”, falou.
Ministério Público Eleitoral
O promotor de Justiça Eleitoral de São Carlos, Denílson de Souza Freitas, afirmou
ao G1 na segunda-feira (6) que vai analisar as câmeras de segurança para
identificar os responsáveis pela sujeira nos locais de votação. De acordo com
ele, o MPE e representantes dos partidos já haviam definido o veto a esse tipo
de propaganda.
A legislação eleitoral determina que jogar santinhos na rua em dia de eleição é crime e a pena varia de seis meses a um ano de prisão, além da multa que vai de R$ 5.320,50 a R$ 15.961,50. A distribuição de folhetos e impressos, no entanto, é permitida na véspera das eleições até as 22h.
“Para caracterização desse delito, nós estamos recolhendo parte dessa propaganda que foi jogada. Para identificar quem jogou essa sujeira nós estamos verificando as câmeras de segurança dos prédios públicos e particulares e das escolas de votação, além de eventuais testemunhas. Nós vamos cruzar os dados e puni-los”, explicou o promotor na ocasião. Ainda de acordo com ele, assim que a autoria for identificada, será ajuizada uma ação para buscar as punições.
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