Morre o empresário Antônio Ermírio de Moraes

Morre o empresário Antônio Ermírio de Moraes


O empresário Antônio Ermírio de Moraes, presidente de honra do Grupo Votorantim, morreu na noite deste domingo, aos 86 anos, em São Paulo. Ermírio de Moraes foi vítima de uma insuficiência cardíaca e morreu em casa. Ele deixa a mulher, Maria Regina Costa de Moraes, com quem teve nove filhos. O velório do empresário acontece a partir das 9h desta segunda-feira no salão nobre do Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo. O enterro será às 16h no Cemitério do Morumbi.


Em nota, o Grupo Votorantim lamentou a morte. "Com o falecimento do Dr. Antônio Ermírio de Moraes, o Grupo Votorantim perde um grande líder, que serviu de exemplo e inspiração para seus valores, como ética, respeito e empreendedorismo, e que defendia o papel social da iniciativa privada para a construção de um país melhor e mais justo, com saúde e educação de qualidade para todos", diz o comunicado.



Dono de um dos mais tradicionais grupos industriais do Brasil, Antônio Ermírio de Moraes sempre figurou em posições destacadas nas listas anuais das maiores fortunas do país – e às vezes até do mundo. No último levantamento da Forbes, o empresário ocupava a 9ª colocação no ranking de bilionários brasileiros, com uma fortuna estimada em 3,1 bilhões de dólares.


Liderança – Mais importante do que seus bilhões, contudo, era o seu talento para comandar o Grupo Votorantim. Antônio Ermírio assumiu a liderança da empresa ao lado do irmão, José Ermírio, em 1973, após a morte do pai. Em quase três décadas à frente do conglomerado, que atua nos setores metalúrgico, de cimento, papel e celulose, o empresário adotou um estilo conservador, avesso a riscos, e sobreviveu a graves crises econômicas, consolidando a posição do grupo como um dos principais do país. Ao mesmo tempo, tornou-se a maior liderança empresarial do Brasil: uma referência de sucesso e boa gestão a seus pares e uma das vozes mais ouvidas e respeitadas no debate público sobre o progresso nacional.


Crítico ferrenho da burocracia estatal e dos obstáculos colocados pelo governo ao crescimento das empresas, Antônio Ermírio se orgulhava de dizer que seu grupo nunca tinha sido favorecido pelo poder. "Se tivéssemos colocado nossas fichas em governos, já teríamos fechado as portas”, disse em entrevista a VEJA. Para ele, não existia uma fórmula mágica para um negócio – ou a economia de um país – prosperar. "O fundamental é seguir a lógica, o bom senso, e ouvir as boas cabeças que você tem na empresa. Não existem truques", pregava.


Um entusiasta do empreendedorismo, Antônio Ermírio também era uma das vozes contrárias a medidas assistencialistas do governo, como deixou claro em entrevista a VEJA em novembro de 2003, ao final do primeiro ano de Lula no poder. "Acho péssimo quando vejo que a prioridade do governo é dar esmola, e não acabar com os entraves à criação de empregos", disparou.


Biografia – Nascido em 4 de junho de 1928, em São Paulo, Antônio Ermírio cursou engenharia metalúrgica no Colorado. Ao voltar para o Brasil, em 1949, teve como primeiro emprego um estágio não remunerado na Siderúrgica Barra Mansa, uma das empresas da família.  Em 1955, foi o responsável pela instalação da Companhia Brasileira de Alumínio.


Já na liderança do Grupo Votorantim, resolveu se aventurar na política, contra as recomendações de seu falecido pai, e concorreu ao governo de São Paulo em 1986. Derrotado por Orestes Quércia, do PMDB, terminou em segundo lugar, com mais de 3,6 milhões de votos. Depois disso, só voltou a se envolver em política para declarar apoio a candidatos, como fez com José Serra na disputa contra Lula em 2002.


Seguindo a tradição de grandes bilionários e self made men americanos, também dedicou boa parte de sua vida à filantropia, contribuindo com a Sociedade Beneficência Portuguesa e a Cruz Vermelha. Apesar de sua fortuna, Antônio Ermírio adotava uma estilo simples e preferia dirigir carros velhos.


Em 2001, aos 74 anos, deixou o conselho de administração do Grupo Votorantim e passou para os filhos o comando do conglomerado. Nos últimos anos, o empresário começou a sofrer do mal de Alzheimer. 



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