O médico Roger Abdelmassih, de 70 anos, um dos fugitivos mais procurados do país, foi preso na tarde desta terça-feira na cidade de Assunção, capital do Paraguai. Segundo o Ministério da Justiça, o médico foi detido em uma operação conjunta da Polícia Federal e a Secretaria Nacional Antidrogras paraguaia.
Abdelmassih será deportado
imediatamente pelas autoridades paraguaias por estar na lista da Interpol. Ele
chegará às 17h na cidade fronteiriça de Foz do Iguaçu (PR) e, provavelmente,
será transferido para São Paulo.
Foragido da Justiça desde 2011, o médico foi condenado a
278 anos de prisão – foram 52 estupros e 4 tentativas contra 39
mulheres, pacientes de sua clínica especializada em reprodução assistida. De
acordo com o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), os crimes foram
cometidos entre 1995 e 2008, nas dependências da clínica, localizada em um
bairro nobre da capital paulista.
Abdelmassih chegou a ficar preso por quatro meses em 2009, mas foi solto por
determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).
Na decisão de 194 páginas que o condenou, a juíza Kenarik Felippe, da da 16.ª
Vara Criminal de São Paulo, narra em detalhes o ocorrido com cada uma das
39 vítimas do médico. Ao longo do processo judicial foram colhidos os
depoimentos de 250 testemunhas vindas de São Paulo, Minas Gerais, Paraná , Rio
Grande do Norte, Piauí e Rio de Janeiro. O processo tem 37 volumes e 10.000
páginas.
As vítimas de Abdelmassih relataram à Justiça agressões sofridas na sala de
consulta e de recuperação da clínica, especialmente após a coleta de óvulos,
procedimento inicial para a reprodução assistida. Em muitos casos, as mulheres
estavam saindo da sedação quando se viam envoltas pelo médico, que as beijava a
boca, o pescoço e os seios, avançando, em mais de 50 casos, para relações
sexuais forçadas.
As mulheres contaram ter escondido os episódios em um primeiro momento até
mesmo de seus maridos, por vergonha ou medo que eles resolvessem fazer justiça
com as próprias mãos. Elas se disseram intimidadas pela fama e o prestígio do
médico. Muitas só decidiram denunciar os abusos após os primeiros casos serem
divulgados pela imprensa.
A investigação contra Abdelmassih começou em maio de 2008 e veio a público em
janeiro de 2009, provocando uma onda de novas denúncias de mulheres contra o
médico. De agosto a dezembro do ano passado, ele ficou preso
preventivamente, mas foi solto por decisão do Supremo.
A clínica do médico era a mais conceituada em reprodução assistida do país.
Abdelmassih foi o responsável pela inseminação artificial de filhos de famosos
como Pelé, Tom Cavalcante, Gugu Liberato e Carlos Alberto de Nóbrega.