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O
Instituto Butantan vai produzir uma versão acelular da vacina contra a
coqueluche para que mulheres grávidas possam ser imunizadas contra a doença a
partir do ano que vem. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 7 milhões de
mulheres deverão ser beneficiadas com a vacinação.
Atualmente,
a vacina contra a coqueluche é disponibilizada somente para crianças, por meio
do Calendário Nacional de Vacinação do Ministério da Saúde. A cobertura contra
a doença começa com a vacina pentavalente, administrada aos dois, aos quatro e
aos seis meses de vida. Além da prevalente, a criança recebe dois reforços com
a vacina DTP, que protege contra difteria, tétano e coqueluche. O primeiro
reforço deve ser administrado aos 15 meses e o segundo, aos quatro anos.
Segundo
o Instituto Butantan, um acordo de transferência de tecnologia firmado com o
laboratório GlaxoSmithKline (GSK) permitirá a fabricação da vacina
acelular no Brasil. O diretor do Butantan, Jorge Kalil, disse que a versão
atual da vacina, celular, é aplicada apenas em crianças porque é tóxica para
adultos. “Para evitar que as mulheres grávidas bebês contraiam coqueluche e
transmitam a doença aos filhos, o governo federal resolveu fazer a vacinação
das gestantes. E, para fazer isso, precisa ser a vacina acelular”, explicou
Kalil, em entrevista hoje (12) à Agência Brasil.
Causada
pela bactéria pertussis, a coqueluche tem como principal sintoma uma tosse
desenfreada e incontrolável que, em casos graves, pode levar até mesmo à morte.
“A vacina de pertussis [a DTP] existe há muitos anos no Brasil. A vacina
[atual] de pertussis é feita com a bactéria inteira, o que é muito eficaz e dá
uma imunidade muito longa”, disse o médico.
De
acordo com Kalil, empresas multinacionais desenvolveram outra vacina de
pertussis, sem a célula e menos tóxica que a celular, para aplicação em
adultos. “Essas empresas só pegaram alguns componentes da bactéria e fizeram
uma vacina acelular, que imuniza menos e dá uma resposta mais fraca, mas menos
tóxica. No Brasil, sempre se usou a DTP celular [em crianças] e, nos adultos,
quando era preciso reforçar a imunização, dava-se a vacina de adulto, que é
para difteria e tétano, mas sem a pertussis." O médico explicou que,
quando aplicada no adulto, a pertussis celular "é muito tóxica, dá muita
reação”.
Enquanto
a nova vacina, acelular, estiver imunizando gestantes no Brasil, informou
Kalil, o Butantan estará em busca de uma versão celular, menos tóxica e mais
barata, para também poder ser aplicada em adultos. “Fizemos um procedimento
industrial, de baixíssimo custo, em que tiramos a toxicidade. Só que isso não
está pronto." Por isso, acrescentou o médico, é que foi feito o acordo com
uma "empresa gigante", para que ela transfira ao Brasil a tecnologia
da vacina acelular. "Ao mesmo tempo, vamos continuar desenvolvendo a
nossa celular de baixa toxicidade”, informou.
Segundo
o Ministério da Saúde, 4.361 casos de coqueluche foram confirmados no país até
novembro deste ano, com 57 óbitos.
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