A
assessoria da Agência Nacional de Transportes Terrestres se pronunciou pela
primeira vez sobre o descarrilamento de vagões que matou oito pessoas no
domingo em São José do Rio Preto (SP). A nota da agência pode mudar o curso das
investigações. As informações são do portal G1/TV Tem.
A
ANTT confirmou por meio da assessoria de imprensa que a velocidade do trem
neste trecho do acidente deveria ser de no máximo 25 km/h . Isto porque é uma
passagem de nível e em locais assim, por conta do risco, a velocidade
estabelecida é menor que a outros trechos de área urbana, onde a velocidade
pode chegar a 50 km/h.
A
assessoria informou também que a agência, responsável pela fiscalização,
aguarda o fim da investigação para saber se a composição trafegava em
velocidade superior. Mas como o perito da Polícia Civil adiantou no dia do
acidente, a velocidade era de 44 km/h, portanto 76% maior que o limite estabelecido.
O
prazo para investigação da ANTT é de 30 dias a partir da data do acidente, até
lá deve ser elaborado um relatório técnico com as conclusões. A última
fiscalização da ANTT na cidade foi feita em maio deste ano. Outra informação da
agência é a de que só neste ano houve na malha ferroviária que corta o estado
de São Paulo 60 acidentes entre
descarrilamentos e choques com veículos , com total de 88 vítimas.
A
Polícia Federal vai investigar o acidente que matou oito pessoas e deixou
várias feridas no último domingo (24). A Procuradoria da República quer saber
se houve falhas da Agência Nacional de Transportes Terrestres, que tem a
obrigação de fiscalizar a ALL, empresa responsável pela linha férrea. A falta
de manutenção da malha ferroviária e falhas no sistema de freios das
composições estão entre as possíveis causas do descarrilamento. A investigação
deve ser em Rio Preto e também em Brasília.
O
pedido de abertura de inquérito foi feito pelo grupo de trabalho e transportes
do Ministério Público Federal. A Polícia Federal terá de apurar as
responsabilidades da ANTT, Agência Nacional de Transportes Terrestres e da ALL,
América Latina Logística. Um inquérito também foi aberto na Polícia Civil.
O
descarrilamento de nove vagões aconteceu na área urbana de Rio Preto e é
considerado o pior acidente ferroviário da cidade. A população ficou muito
sensibilizada com as mortes e quem vive perto da linha férrea está inseguro.
Moradores
do Jardim Conceição, onde os vagões descarrilaram, participaram da sessão da
Câmara e pedem o apoio dos vereadores para impedir que a ferrovia seja
liberada. A linha férrea ainda não foi reconstruída e as famílias querem que os
trens parem de passar por dentro da cidade. Os moradores temem que a ferrovia
seja liberada e, com medo, tem família se mudando do bairro.
A
auxiliar financeira Vanessa Gomes da Rocha mora há dois anos em frente à linha
do trem e agora diz que não consegue mais viver no local. “Vou sair daqui
porque pode acontecer outro acidente, porque o trem não vai parar de passar, e
a gente não tem mais tranquilidade para morar aqui”, afirma.
Ela
e o marido são mais duas vítimas do descarrilamento que matou oito pessoas.
Tragédia que, na opinião da Associação dos Engenheiros, poderia ter sido
evitada se a linha férrea tivesse recebido a manutenção adequada.
“Manutenção é prevenção e manter o sistema funcionando normalmente. O que
acredito é um interesse econômico para manter o jeito que está para não gastar
com que alguém possa achar desnecessário, mas que é muito necessário para a
segurança”, diz Avilson Ferreira de Almeida, presidente da associação.
O
delegado responsável pelo caso, Luíz Alberto Bovolon, esteve nesta quarta-feira
(27) no local do acidente para ouvir um representante da ANTT, Agência Nacional
de Transportes Terrestres, que teria dito que o limite de velocidade para o
tráfego ferroviário, neste trecho, é de 25 km/h, o que contrasta com a versão
da ALL. “A velocidade permitira é até 50 km/h e ele estava a 42 km/h e a
ANTT diz que o trecho é a 25 km/h então precisamos ver qual é a velocidade
permitida”, afirma o delegado.
Nenhum
representante da ANTT foi encontrado, mas ele afirma que o inquérito policial que
apura os responsáveis pelo descarrilamento já está em andamento. Os depoimentos
devem começar na semana que vem. “Já foi ouvido o maquinista e retirada
de sangue para ver o teor alcoólico”, diz Bovolon.
A
Defensoria Pública de Rio Preto também acompanha o caso. O defensor Júlio
Tanone informou que teve uma reunião com parentes das vítimas e representantes
da ALL. A defensoria quer garantir que as famílias recebem assistência e
informou que a empresa está fazendo a parte dela, prestando assistências às famílias.
As
famílias que tiveram as casas destruídas estão em imóveis alugados pela
empresa. O defensor disse que será criada uma câmara de conciliação para
ajudar nos acordos e pagamentos de indenizações de maneira mais rápida. A ALL
também foi notificada e terá de informar quais dos itens acordados com o
Ministério Público para melhorar a linha férrea na região foram cumpridos.
A
ALL informa que priorizou o atendimento às vítimas e familiares. Para retomar
os trabalhos de limpeza no local e reparos na via férrea, a companhia
apresentou requerimento à Justiça para garantir as condições de segurança dos
trabalhadores.