O
trio preso por estuprar uma norte-americana de 21 anos dentro de uma van no Rio
de Janeiro, em 30 de março, ria e fazia comentários sarcásticos enquanto
abusava da moça e agredia o namorado dela. Foi o que contou nesta terça-feira
(9), durante audiência na 32ª Vara Criminal do Rio, o francês de 22 anos que
namora a menina. Ele narrou detalhes do crime e reconheceu o terceiro preso. Os
outros dois já haviam sido reconhecidos. O rapaz deve voltar quarta-feira (10)
para a França.
"Eles riam sarcasticamente o tempo todo, principalmente quando faziam sexo
e batiam nela. Quero deixar o Brasil o mais rápido possível, não quero mais
voltar (ao País)", disse o rapaz, que se expressou em francês e foi
auxiliado por uma intérprete. Segundo ele, a namorada foi estuprada pelo menos
quatro vezes, e em alguns momentos foi abusada simultaneamente por dois
criminosos. Ela já voltou para os Estados Unidos.
A promotora Márcia Colonese, que na segunda-feira (8) denunciou os três presos
por estupro, sequestro relâmpago, corrupção de menores, extorsão e formação de
quadrilha, afirma que a norte-americana foi estuprada oito vezes durante as
horas em que permaneceu dominada pelos criminosos. Jonathan Froudakis de Souza,
de 19 anos, cometeu quatro estupros, enquanto Wallace Souza Silva e Carlos
Armando Costa dos Santos, ambos de 21, estupraram a vítima duas vezes.
Agora
os advogados nomeados para defender o trio têm dez dias para apresentar a
defesa deles. Durante a audiência desta terça eles pediram ao juiz que
autorizasse a transferência dos presos, que estariam sendo agredidos por
colegas de cela no presídio de Bangu 9, na zona oeste do Rio.
O homem a quem a norte-americana foi oferecida e que a recusou alegando que ela
estava "muito estragada" foi identificado, segundo a promotora. É um
traficante de São Gonçalo (região metropolitana do Rio) suspeito de ter participado
de outros estupros cometidos pelo grupo.
Segundo ela, o trio ofereceu a moça para ser abusada sexualmente em troca de
dinheiro, mas o homem recusou. "A participação dele não foi quase nada,
ele chegou perto da van e viu. Falou alguma coisa e foi embora. Mas tenho
certeza de que ele fez parte de vários outros estupros", disse a
promotora.
O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), comentou nesta terça o caso.
"Foi uma atrocidade, uma violência, um absurdo. Nossa polícia agiu
rapidamente, prendendo os responsáveis, demonstrando que aqui não há
impunidade.
Graças a Deus, e a imprensa internacional registrou isso com muita
responsabilidade, isso não é um crime comum no Rio e no Brasil." Cabral
confirmou que na próxima sexta-feira serão inauguradas mais duas Unidades de
Polícia Pacificadora (UPPs), na Barreira do Vasco (zona norte) e no Caju (zona
portuária).