A
festa dos 33 anos do PT em que o partido celebra e exalta os últimos dez anos
no comando do País em São Paulo aconteceu em clima de campanha antecipada na
noite desta quarta-feira (20) ao adotar um tom de exaltação dos partidos da
base aliada e de enfrentamento direto com a oposição, principalmente os
tucanos. Coube ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao lado de Dilma
Rousseff, o discurso mais duro. Ele citou nominalmente o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso e o senador mineiro Aécio Neves, que inaugurou nesta
quarta-feira uma ofensiva contra os petistas com o discurso no Senado sobre
"os 13 erros do PT”.
“Eu
não vou responder a eles, eles podem se preparar. A resposta que o PT deve dar
a eles é a gente dizer para eles que podem se preparar, podem juntar quem eles
quiserem, se têm dúvidas, vamos dar como resposta a reeleição da Dilma em 2014.
É essa a consagração da política do Partido dos Trabalhadores”, afirmou Lula em
meio a aplausos da militância.
Em
tom provocativo, o ex-presidente afirmou que “eles” (oposição) não têm valores,
discurso ou propostas. “Estão inquietos porque estão sem valores, sem discurso,
sem proposta. Qualquer coisa que pensarem em fazer nós fizemos mais e melhor”,
disse Lula ao afirmar que o PT não pode ter medo do debate “muito menos do
debate sobre corrupção”.
“Penso
que vi ontem na TV ou num site qualquer o nosso querido ex-presidente Fernando
Henrique nervoso. Eu não sabia e nem tinha visto a cartilha (o panfleto sobre
os dez anos do PT no poder), o texto do Márcio Pochman (da Fundação Perseu
Abramo). Eu vi ele nervoso: ‘Isso é coisa de criança’, ‘O PT não cresceu’. Eu
descobri que só o fato de a gente passar oito anos dizendo ‘nunca antes na
história desse País’ perturbou-os, deixaram eles nervosos. Nós aceitamos
comparação, aceitamos o debate e também o debate sobre corrupção. Não temos
medo”, afirmou o ex-presidente, que voltou a dizer que se governo foi o que
mais incentivou instrumentos de transparência.
Lula
também fez questão de ressaltar a importância dos partidos da base aliada,
representados no evento por figuras como o ex-prefeito de São Paulo Gilberto
Kassab, do PSD, muito vaiado pela militância , e disse que o PT amadureceu
nestes 10 anos de governo. “Precisamos aprender a lição nestes dez anos. Temos
de agradecer a teoria do ‘Lulinha Paz e Amor’. Tivemos a sabedoria de construir
uma base aliada com partidos que pensam diferente de nós e ensinar esse partido
a conviver democraticamente na diversidade. (...) Ganhar é mais fácil do que
governar, nós sabemos o quanto é importante manter uma base aliada com gente
até que a gente não gosta, mas não convidei ninguém para casar. Eu casei com a
Marisa (risos na plateia). Chamei essa gente para estabelecer compromissos
políticos”, disse o ex-presidente.
Dilma
falou depois de Lula e concentrou seu longo discurso, de 51 minutos, nos
"dez melhores anos do País" e na exposição das metas para os
próximosanos. Ela citou os vários
programas lançados pelo governo federal, lembrou a redução da pobreza, a
criação recorde de empregos e listou dados econômicos.
Por
fim, a presidente, ex-presa política, citou "os muitos que caíram no
combate à ditadura" e considerou que "era para eles estarem
presentes" no evento do PT. Citou ainda militantes históricos de esquerda,
como Celso Furtado e Florestan Fernandes, lembrou de aliados como o
ex-vice-presidente José Alencar a encerrou com um afago aos militantes petistas
e à relação do partido com povo brasileiro. "É uma história de amor com o
povo brasileiro que não precisa de final feliz, porque nós sabemos que não terá
fim", concluiu.
Discurso
dos aliados
Líderes
dos partidos que compõe a base do governo também falaram no evento e abriram a
noite de discursos. Entre vaias e aplausos, Kassab disse que se sentia
"muito confortável em estar aqui hoje". Os dirigentes do PMDB, PR,
PDT, PSB e PCdoB destacaram "o orgulho de participar da gestão
petista". O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, disse que o
ex-presidente Lula pegou o País numa "situação gravíssima",
"quebrado, sem crédito lá fora (no exterior) e devendo para o FMI".
"Não há como esconder essa realidade e o FHC diz que é picuinha, mas é a
realidade nua e crua", afirmou.
Já
o presidente nacional do PMDB, Valdir Raupp, destacou a parceria com o PT ao
longo dos últimos anos. "A aliança PT/PMDB está dando certo",
defendeu o peemedebista que falou em nome do vice-presidente da república, Michel
Temer. O PMDB trabalha pela manutenção de Temer como vice de chapa para a
disputa presidencial em 2014 ao lado da presidente Dilma Rousseff.
Como
representante do PSB, Roberto Amaral, vice-presidente nacional da legenda,
destacou em seu breve discurso a liderança de Lula e a luta da presidente Dilma
durante a ditadura. Para ele, o atual governo representa a vitória das
esquerdas e a ascensão das massas. "Esperamos continuar de mãos dadas e de
braços juntos", declarou o pessebista, no momento em que especula-se que
seu partido deixe a coalizão para lançar a candidatura à presidência do
governador de Pernambuco e presidente nacional da legenda, Eduardo Campos.
Também
fizeram discursos o presidente nacional do PDT, Carlos Luppi, e o presidente
nacional do PR, Alfredo Nascimento, que ressaltaram em suas falas o
"orgulho" de participarem do governo. "É um país que orgulha à
todos", comentou Nascimento, lembrando a figura do ex-vice-presidente da
República, José Alencar.
Participaram
do evento o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, os ministros José Eduardo
Cardozo (Justiça), Aloizio Mercadante (Educação), Marta Suplicy (Cultura),
Alexandre Padilha (Saúde), Miriam Belchior (Planejamento), Tereza Campelo
(Desenvolvimento Social e Combate à Fome), Pepe Vargas (Desenvolvimento
Agrário), Helena Chagas (Comunicação Social) , Ideli Salvatti (Relações
Institucionais), Eleonora Menicucci (Secretaria de Políticas para as Mulheres)
e Maria do Rosário (Direitos Humanos).