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Analistas
veem com ressalvas as perspectivas de curto prazo para as ações da Petrobras,
embora sejam otimistas sobre possíveis ganhos num horizonte mais estendido. Os
papéis da estatal acumulam queda aproximada de 50% nos últimos três anos, desde
o início dos investimentos no pré-sal,. No mesmo período o Ibovespa recuou
cerca de 15%.
Na
segunda-feira (04), as ações da companhia fecharam o pregão em queda de 2,49% ,
enquanto o mercado aguardava a divulgação do balanço do quarto trimestre pela
companhia. Os dados, anunciados após o fechamento da Bolsa, apontaram para um
lucro de R$ 21,1 bilhões em 2012, o menor desde 2004 .
"No
curto prazo, comprar ações da Petrobras é temerário, porque o mercado entende
que não deve acontecer outro reajuste de combustíveis neste ano. Como se espera
uma alta no preço do petróleo no exterior, por causa da retomada econômica nos
EUA, isso deve pressionar ainda mais o caixa da estatal", diz Adriano
Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).
A
estatal revende combustível no mercado interno por preços mais baixos do que
paga no exterior, por isso o aumento no consumo de combustível dos brasileiros
é visto com preocupação pelos analistas. O recente reajuste de 6,6% anunciado
pela estatal ficou abaixo da expectativa do mercado, o que provocou outra forte
queda nas ações da empresa .
"Após
o pré-sal, o Governo pediu que a Petrobras investisse mais e tivesse mais
responsabilidades, mas não deu a contrapartida necessária, porque ‘congelou’ o
preço da gasolina e do diesel", diz Pires. "O reajuste de 6,6% não
deu nem para começar a brincadeira", afirma.
"Mas
o Brasil é riquíssimo em recursos. Se houver uma política que retome o rumo da
lucratividade, não tem porque os papéis não subirem", afirma. "A
Petrobras tem fundamentos para a ação valer o dobro do que vale hoje",
acredita o especialista.
Esses
fundamentos deverão gerar retornos maiores para os acionistas no longo prazo,
segundo os analistas da corretora Coinvalores, Marco Aurélio Barbosa e Bruno
Piagentini. "Daqui a 15 anos, a Petrobras vai ter uma capacidade de
exploração relevante em termos mundiais, além de tecnologia que poucas empresas
terão para explorar áreas profundas", diz Piagentini.
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Veja também: Petrobras pode ser processada por compra de refinaria nos EUA
"Nesse
período, a companhia também deverá ampliar a capacidade de refino, para dar
conta de atender a demanda doméstica", afirma o analista. Nos últimos
anos, a Petrobras demonstrou incapacidade de acompanhar o aumento do consumo
interno, e foi obrigada a importar mais combustível. Para Piagentini, essa
questão é a principal causa da queda no valor da ação no período.
Uma
possibilidade para o investidor que sofre com a má fase das ações da Petrobras
é diminuir os investimentos e diverficar com papéis de outras empresas. "O
ideal para quem quer tentar recuperar as perdas dos últimos anos é reduzir as
ações da empresa a 25% do total aplicado e diversificar com outras companhias.
Por exemplo, um banco, uma siderúrgica e uma empresa do setor de varejo",
diz um analista, que prefere não se identificar.
Para
o analista, por mais que a empresa sofra com a influência política no dia a dia
dos negócios, "não existe o risco de a Petrobras quebrar. Além disso,
espera-se para o segundo semestre uma recuperação do mercado de ações, muito
penalizado nos dois últimos anos. Isso porque existe uma expectativa de
melhoria tanto no mercado interno quanto na economia internacional",
afirma.
O
especialista em finanças pessoais Mauro Calil lembra que o investidor que opta
pelo mercado de ações deve ter em mente que os ganhos não ocorrem no curto
prazo. "Bolsa não é um cassino. Não existe aposta. É o tipo de
investimento para quem tem um cenário de pelo menos cinco anos pela frente. No
caso da Petrobras, existe uma perspectiva de crescimento. Não há nada de errado
na empresa, por isso não é preciso ter medo", explica Calil.
Professor
da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em finanças pessoais, Newton
Marques também recomenda cautela aos donos de ações da Petrobras. "Não
adianta pular da Petrobras para outra empresa em um momento em que os papeis
estão em queda. São ações com muita liquidez, então é uma questão de tempo até
que haja uma recuperação", avalia.
FGTS
Em
2000, o governo criou o Fundo Mútuo de Privatização do FGTS (Fundo de Garantia
sobre Tempo de Serviço). Naquela época, os trabalhadores puderam usar até 50%
do saldo da conta do FGTS para comprar ações da Petrobras. Quem adquiriu papéis
em dez de agosto daquele ano teve até dezembro do ano passado um ganho de
350,61%.
Desde
que assumiu o comando da Petrobras, há cerca de um ano, Graça Foster tem
mandado recados aos acionistas para que mantenham a confiança na empresa. Em um
evento em São Paulo em novembro passado, ela disse: "O valor das ações da
Petrobras é uma demonstração do quanto os acionistas minoritários estão
insatisfeitos e é algo que me constrange profundamente", afirmou.
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