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Felicia
Garcia raramente chorava. Por isso, quando sua amiga a viu chorando sozinha no
corredor da Escola Tottenville High no dia 24 de outubro, uma quarta-feira, ela
sabia que algo estava errado.
A
amiga - Briana Torres, 16 anos, um ano mais velha e uma série à frente -
abraçou Felicia e a levou até sua sala de aula. No caminho, Felicia se animou o
suficiente para rir de uma piada e até mesmo se aventurou a contar outra.
Mas
certos sinais foram se revelando aos poucos. Dois dias antes ela publicou uma
mensagem no Twitter que dizia: "Eu não posso, eu estou pronta, eu
desisto".
Depois
da escola, na mesma quarta-feira, Felicia caminhou até a estação ferroviária de
Staten Island, onde muitos estudantes pegam trens para ir para casa. Ela
esperou impacientemente pelo trem e, quando ele se aproximou, ela se atirou
sobre os trilhos. Um amigo agarrou seu braço, mas ela se desvincilhou. Felicia
foi declarada morta naquela noite.
No
momento em que seus amigos começaram a se reunir na sala de espera do hospital,
publicando mensagens no Twitter e Facebook no que se tornaria uma série de
especulações online sobre a sua morte, a maioria havia estipulado uma causa:
Felicia havia sido vítima de bullying, disseram, atormentada por jogadores do
time de futebol americano da Tottenville.
Alguns
disseram que ela era provocada pois tinha piercings e viveu em um orfanato.
Outros disseram que os jogadores haviam espalhado boatos sexuais sobre ela no
final de semana, após a vitória de 16 a 8 contra a escola Port Richmond High.
Para
muitos amigos, ela parecia enfrentar a situação com sua confiança habitual.
"Ela
nunca pediu ajuda, era uma pessoa muito forte", disse Briana, usando uma
pequena pulseira roxa em seu pulso esquerdo como homenagem - nela estava
escrito "RIP Felicia". "Quando a deixei na classe, nem sequer
imaginava que isso poderia acontecer."
Felicia
havia relatado os insultos a um orientador da escola, que organizou sessões de
mediação entre ela e os meninos que disse que estavam importunando-a. A polícia
agora está investigando sua morte. Nem policiais, nem o Departamento de
Educação, nem a escola quiseram comentar as alegações de bullying.
De
acordo com seus colegas, a prática é comum na escola, mas os orientadores geralmente
fazem algo em relação a casos específicos, que raramente chegam ao nível que
Felicia experimentou. Bastava provocá-la para que ela devolvesse uma réplica
rápida e inteligente, disse Alissa Compitello, 17, estudante do colegial.
"Se
alguém a tentava intimidar, ela ria da pessoa", disse. "Alguém deve
ter dito algo muito ruim sobre ela para que isso tenha acontecido. Alguém não
teve limites."
Na
quarta-feira, Felicia perguntou a Karl Geiling, 15, um estudante do segundo ano
em Tottenville, sobre como havia se saído nas provas. Mais tarde, ele a viu na
estação.
"Eu
estava longe dela", disse ele. "Ouvi gritos e, de repente, todo mundo
ficou em silêncio."
No
dia seguinte, na escola, muitos alunos usavam preto e roxo - cores muitas vezes
associadas a campanhas antibullying - e se reuniram com orientadores. Uma
multidão se encontrou na estação, à noite, segurando velas. Alguém tinha
amarrado balões roxos e pretos em uma cerca de arame, com vista para os
trilhos, junto a cartazes e uma foto de Felicia.
Não
está claro se alguém vai ser punido. Para alguns estudantes, o próximo desafio
da escola é o jogo de futebol americano contra a equipe da Escola rival Curtis
High, o último da temporada, que pode ter sua data alterada para ocorrer no
domingo, dia 4 de novembro.
Felicia
era fã de futebol americano. Quando Kaitlyn a viu pela última vez, ela disse
que ela estava planejando ir torcer pelo time de Tottenville no jogo do final
de semana.
"Ela
disse, 'Sim, eu vou ao jogo", disse Kaitlyn. "E eu disse, OK nos
vemos lá então."
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