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"Ai
ai aiaiaiai 45 é bom demais, ai ai aiaiaiai Tolardo já provou que
faz","oi oi oi é número 13, em São José tem jeito, é Mirabé
prefeito" e "Eu quero Serra, eu quero já, eu quero Serra já, eu quero
Serra já". O número de jingles políticos que utilizam a base e a melodia
de hits populares e de temas de novelas é, de longe, a tendência das eleições
municipais deste ano.
Para
que o nome do candidato grude como o refrão do Ai se eu te pego, é fácil. O
jingle parodiado pode ser comprado no Mercado Livre, custa entre R$ 200 a R$
400 reais e demora dois dias para ser entregue. Conforto, praticidade e o nome
do candidato gravado na cabeça até dia 3 de outubro. "Eles (os slogans e
os jingles) devem funcionar como um estribilho e ser repetido exaustivamente",
avisa o consultor político e professor titular da USP, Gaudêncio Torquato.
Em
um Brasil com mais de 15 mil candidatos a prefeito e 447 mil para vereador,
segundo estimativa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a concorrência na
produção de jingles é acirrada e os produtores utilizam as redes sociais para
vender seu peixe. No YouTube são diversas empresas e produtoras que colocam, em
vídeo, trechos de jingles.
No
Mercado Livre, site onde se compra e se vende de tudo, a negociação começa nos
comentários da página. "Oi pessoal, tenho a letra da paródia e a música
que é Tchu Tcha Tcha, é só gravar, tem como fazer um preço melhor? Uma vez que
já tá tudo pronto. Abraços", questiona um usuário. "Olá amigo, o
valor é o do anuncio mesmo. vamos gravar backs (sic) vocal etc. aguardo sua
compra. Grato", responde o produtor.
"A
internet possibilitou que muita gente entrasse no ramo. Antes podíamos fazer um
jingle por R$ 600 reais, agora não mais", conta Édico Correa, dono da
produtora Estudio Mega Vox, no Paraná - e que também mostra seu trabalho no
YouTube. O produtor afirma que já fez jingle para o hoje governador do Paraná,
Beto Richa (PSDB) e informa que a fazer 400 jingles por ano eleitoral.
Vida
de 'candidete'
Com
bases prontas ou melodias recriadas, os jingles parodiados são hoje mais
procurados que os temas originais - mais caro (pode chegar a R$ 5 mil) e
demorado (uma semana para ficar pronto). Entre as canções mais solicitadas
pelos candidatos, a maioria sai da trilha sonora da novela Avenida Brasil, como
é o caso de José Serra, candidato a prefeito em São Paulo, com sua versão de Eu
Quero Tchu, Eu Quero Tcha e Mirabé, candidato à prefeitura de São José da Boa
Vista, no Paraná, com jingle baseado na música do 'Kuduro'.
Mas
a mais pedida é Vida de Empreguete, tema das empregadas-cantoras da novela das
sete. "É uma música que chama a atenção do público feminino e é mais
destinada para o povão, é para um pessoal de baixa renda que cresceu na vida.
Essa alusão é o que eles (candidatos) buscam", explica Edico. "Desde
que o candidato tenha os direitos e autorização para o uso das músicas",
ressalta.
A
advogada Eliane Yachouh Abrão, especialista em direito autoral, explica que um
jingle político pode ser interpretado como uma "paródia", o que seria
livre e legal. Porém, paródia geralmente tem conteúdo humorístico. "Se o
autor da música achar que um determinada paródia é um distorção da obra dele,
ele pode reclamar na justiça", afirma.
Autor
de Vida de Empreguete, o compositor e roteirista Quito Ribeiro ainda não ouviu
sua música a serviço de algum candidato - e também não recebeu nenhum pedido de
autorização. "Acho muito legal que a música tenha rendido paródias na
internet. Mas não tenho interesse que ela vire um jingle eleitoral. É uso
indevido e não concordo com a descaracterização da música", defende. A não
ser que a candidata seja uma empregada. "Eu preciso entender o contexto
político. Se é uma empregada que está se candidatando e ressaltando a própria
condição, isso faz parte do espírito da música", explica o compositor.
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