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Um
jornalista da versão online da revista americana Forbes, especializada em finanças e muito
conhecida por compilar listas das maiores fortunas do mundo, escreveu um artigo
em que ataca o preço excessivo cobrado no Brasil por modelos da Chrysler.
Especificamente, citou o Jeep Grand Cherokee, já à venda no país, e antecipou
crítica ao futuro preço do Dodge Durango, que só deve ser mostrado no Salão do
Automóvel de São Paulo, em outubro.
Jeep e Dodge são marcas do grupo Chrysler, hoje controlado pela Fiat.
"Alguém pode imaginar que pagar US$ 80 mil por um Jeep Grand Cherokee
significa que ele vem equipado com grades folheadas a ouro e asas. Mas no
Brasil esse é o preço de um básico".
É assim, em tradução literal, que começa
o texto de Kenneth Rapoza, jornalista que cobre os BRICs (Brasil,
Rússia, Índia e China) para a Forbes. O título original é "Brazil's
ridiculous $80,000 Jeep Grand Cherokee", que, vertido ao pé da letra, fica
"O Jeep Grand Cherokee brasileiro de ridículos US$ 80 mil". O termo ridiculous,
quando usado em frases construídas assim, serve para sublinhar o exagero
daquilo a que se refere (no caso, o preço), em vez de simplesmente significar
"ridículo". Mas a crítica continua duríssima.
Rapoza centra sua argumentação nos modelos da Chrysler e não comenta, por
exemplo, que mesmo os carros fabricados no Brasil também são relativamente
caros. O jornalista aponta os culpados de sempre pelos preços inflados (ele
prevê o Durango a R$ 190 mil): impostos sobre importados e outras taxas
aplicáveis a produtos industriais. "Com os R$ 179 mil que paga por um
único Grand Cherokee, um brasileiro poderia comprar três, se vivesse em
Miami", escreve Rapoza. O valor é o da versão Laredo; a Limited custa R$
204,9 mil.
Mas a questão principal, para ele, é mostrar que o brasileiro que gasta esse
dinheiro todo num modelo Jeep não deveria acreditar que está comprando um
produto que lhe dê status. "Sorry, Brazukas" (sic), escreve Rapoza.
"Não há status em comprar Toyota Corolla, Honda Civic, Jeep Cherokee ou
Dodge Durango; não se deixe enganar pelo preço cobrado".
O jornalista acrescenta que "um professor de escola primária pública no
Bronx [bairro de Nova York]" pode comprar um Grand Cherokee pouco rodado,
enquanto no Brasil trata-se de carro de bacana. A citação de Civic e Corolla é
importante porque, nos Estados Unidos, estes são considerados carros baratos,
de entrada -- mas no Brasil, mesmo fabricados localmente, custam mais de R$ 60
mil (cerca de US$ 30 mil).
SE É CARO, É MELHOR
O que Kenneth Rapoza diz, no fundo, é que o consumidor brasileiro confunde
preço alto com qualidade, e/ou atribui status a qualquer coisa que seja cara. O
jornalista reconhece que vê esse "valor de imagem" em carros de Audi,
BMW, Mercedes-Benz e grifes esportivas italianas, mas jamais em modelos do
grupo Chrysler.
Essa tese é explicada exaustivamente por Rapoza nas respostas aos comentários
de leitores, que, até a publicação desta reportagem, eram 88 -- muitos deles
postados por pessoas usando nomes brasileiros.
Ali, o próprio Rapoza arrisca algumas palavras em português. Em seu perfil no site da
Forbes, o jornalista relata que cobriu o país "pré-Lula e
pós-Lula", sendo que nos últimos cinco anos trabalhou como correspondente
aqui para o Wall Street Journal e a agência Dow Jones. Agora está baseado em
Nova York.
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