Um
dado que chamou a atenção do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, coordenador da
pesquisa, foi quanto os homicídios de jovens representava no total de mortes.
Em 1980, eles eram pouco mais de 11% dos casos de assassinato. Já em 2010, 43%.
"Os
homicídios de jovens continuam sendo o calcanhar de aquiles do governo. Esse
aumento mostra que criança e adolescente não são prioridade dos governos",
disse.
Entre
os Estados em que houve maior aumento dos assassinatos de jovens estão Alagoas,
com uma taxa de 34,8 homicídios por 100 mil habitantes, Espírito Santo (33,8) e
Bahia (23,8).
Segundo
Waiselfisz, vários fatores influenciam o aumento em determinadas regiões. Um
deles é a interiorização dos homicídios.
"Antes,
a maior parte dos crimes acontecia nos grandes centros. Agora, com a melhor
distribuição de renda, houve uma migração da população e os governos não
conseguiram implantar políticas públicas para acompanhar essa mudança",
disse.
Os
Estados que apresentaram as menores taxas foram Santa Catarina, (6,4), São
Paulo (5,4) e Piauí (3,6).
Para
Alba Zaluar, antropóloga da Universidade Estadual do Rio, os dados devem ser
analisados com "cuidado", já que entre 2002 e 2010 houve uma melhora
na qualificação das estatísticas sobre mortes. Ou seja, casos que antes
constavam como "outras violências" nos dados oficiais passaram a ser
homicídios.
"É
muito complicado falar do aumento de mortes por agressão no Brasil como um
todo", afirmou Zaluar.