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Mais
um medicamento fitoterápico ganhou o título de "emagrecedor", e dessa
vez não só em redes sociais e sites de vendas. O Koubo, nome comercial de um
extrato de cactos brasileiros (Cereus sp.), foi testado e aprovado em uma
pesquisa feita com 65 pessoas no Cescage (Centro de Ensino Superior dos Campos
Gerais), em Ponta Grossa, no Paraná.
O estudo não foi publicado em revista científica e está sendo apresentado pela indústria na feira de farmácia e cosméticos Consulfarma, que começou hoje e vai até sábado, em São Paulo.
A
empresa farmacêutica que comercializa o ativo faz questão de ressaltar os
principais resultados da pesquisa: ingerir cápsulas do produto pode ajudar a
perder, em média, 9,7 quilos e 16,6% de IMC (índice de massa corporal) em 90
dias.
No
estudo, os voluntários, com IMC acima de 25 (o que já indica sobrepeso) e idade
entre 25 e 60 anos, foram separados aleatoriamente em dois grupos: em um deles,
os participantes ingeriram duas cápsulas de Koubo por dia (400 mg) antes das
refeições; no outro, comprimidos placebo, sem efeito.
Os
dois grupos receberam orientação nutricional e foram avaliados quinzenalmente.
Nenhum dos voluntários sabia se estava tomando o placebo ou o medicamento.
Além
de avaliar a perda de peso e de medidas, foram feitos exames de colesterol,
triglicérides e glicemia. Os participantes também relataram mudanças no
apetite.
Depois
de 90 dias, os dois grupos tiveram perda de peso, mas no grupo que tomou o
medicamento a redução foi maior: 9,7 quilos contra 2,9, em média. A redução na
circunferência abdominal também foi maior entre as pessoas que tomaram Koubo:
7,8 cm contra 3,2 cm do grupo controle.
"Vimos
que o Koubo tem efeito positivo se usado como complemento nutricional com
acompanhamento de especialistas. A contribuição do fitoterápico é no aumento do
nível de saciedade", diz a nutricionista Lorene Yassin, professora do
Cescage e orientadora do trabalho.
Segundo
ela, fitoquímicos presentes na planta são capazes de inibir o apetite. "Os
dois grupos relataram menor apetite --talvez por fatores psicológicos ou pelas
mudanças na dieta. Mas no grupo experimental (aqueles que usaram Koubo) o
apetite foi significativamente menor", complementa Yassin. O estudo não
foi encomendado pela indústria.
OUTRAS
EVIDÊNCIAS
O
Koubo pode ser encontrado em farmácias de manipulação. Para a nutróloga
Marcella Garcez Duarte, membro da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia),
apesar dos resultados do estudo, que ela avalia como "bem-feito",
ainda "existem poucas evidências científicas que demonstram o mecanismo de
ação do Koubo e validem sua prescrição".
"Minha
experiência com o Koubo é bem restrita. Nas poucas vezes que eu prescrevi, não
observei um resultado tão fantástico quanto o apresentado no estudo
clinico", diz Duarte.
A
nutricionista Fernanda Pisciolaro, membro da Abeso (associação de estudo da
obesidade), analisou a pesquisa e ressalta que os resultados apareceram com
acompanhamento nutricional.
"O
grupo controle também alcançou melhoras no peso, gordura corporal e parâmetros
metabólicos, embora em menor proporção, e o grupo experimental também recebeu
orientações para mudança alimentar e de exercício. Isso mostra que o produto
pode ser eficaz se associado aos métodos já consolidados para o tratamento da
obesidade."
Para
ela, são necessárias outras evidências para que a eficácia do Koubo seja mesmo
comprovada. "Não devemos chamar de evidência algo que ainda não tenha sido
replicado em diversos estudos. Não encontrei nenhuma outra pesquisa que
mostrasse dados parecidos. Também não é possível garantir a segurança do
produto a longo prazo."
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