Políticos podem comprar 50 mil seguidores no Twitter por R$ 1,5 mil
Followers

Em
busca de popularidade nas redes sociais da internet, políticos de todas as
partes do Brasil se tornaram público-alvo de empresas que vendem
seguidores-fantasmas no Twitter. Com um depósito de R$ 1,5 mil, é possível
ganhar 50 mil novos “followers” artificiais m apenas três horas.
A
divulgação é feita em diversos sites e perfis do próprio microblog. Para
entender o funcionamento da atividade, o fez contato por telefone com uma das
empresas que oferecem pacotes de seguidores- fantasmas. Na ligação para
Londrina (PR), Márcio Demari oferece, sem saber que estava sendo gravado,
seguidores e um software que envia mensagens de texto para celulares.
Só
o programa de computador custa R$ 1,8 mil. Já os pacotes são vendidos a partir
de R$ 500 (10 mil seguidores). Uma hora após o primeiro contato, a reportagem
tornou a ligar para Demari, identificando-se. Ele justificou que a atividade é
legal e informou que não é o único a vender o serviço.
“Em
cada esquina têm empresas vendendo seguidores. Existe muita coisa mais útil, a
começar por avaliar os candidatos do seu Estado”, criticou Demari. Os
“followers” são divididos em dois grupos: os reais e os “zumbis” – ou
inexistentes. No primeiro grupo estão usuários do Twitter que se cadastram em
sites de troca de seguidores,
permitindo
aos responsáveis usar o perfil para seguir outros em troca de novos seguidores.
Já
os zumbis são usuários irreais, criados por programas de computador. Geralmente
não têm fotos e os nomes são compostos por números. Quem compra seguidores no
Twitter normalmente passa a seguir o mesmo número de pessoas, o que evidencia a
compra de seguidores artificiais.
De
acordo com o Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul, não é possível
afirmar que a compra e venda de seguidores por candidatos configure uma
ilegalidade “É preciso haver uma denúncia para que a situação seja apurada e
julgada”, informou a assessoria de imprensa do órgão.
Na
resolução 23.370 do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o artigo que trata da
propaganda eleitoral pela internet proíbe a “venda de cadastro de endereços
eletrônicos”, mas não especifica se a Justiça entende perfis no Twitter como
endereço eletrônico.
A
compra de “followers” é avaliada como um erro pelo cientista político Paulo
Moura, coordenador do curso de Ciências Sociais da Ulbra (Universidade Luterana
do Brasil). “Só um candidato mal assessorado faz isso. Que vantagem tem para um
candidato a vereador de Porto Alegre ter seguidores de cidades distantes? O
efeito pode ser o contrário.
As
pessoas querem acompanhar pessoas reais tuitando. Se percebem que o conteúdo é
automático ou postado por assessores, se desconectam”, avalia.