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A
disposição dos consumidores em comprar um imóvel vem caindo lentamente no País
desde 2010, motivada principalmente pela apreensão e saída de investidores
desse mercado. O diagnóstico faz parte de um levantamento inédito realizado
pela empresa de pesquisa imobiliária Datastore e obtido com exclusividade pela
Agência Estado.
De
acordo com a pesquisa, o porcentual de consumidores com intenção de comprar um
imóvel de médio ou alto padrão em São Paulo nos próximos dois anos atingiu 27%
no fim do primeiro trimestre. Esse dado representa um recuo de 4 pontos
porcentuais desde o fim de 2010, quando o mercado viveu o ápice de vendas. Em
outras cidades cobertas pela pesquisa (Porto Alegre, Brasília, Campinas (SP),
Salvador, Recife, Fortaleza, São Luís e Campo Grande), a baixa média foi de 3 a
5 pontos porcentuais no mesmo período.
O
recuo também é verificado nas intenções de compra para os próximos 12 meses,
que indicam uma tendência mais forte para o fechamento dos negócios. Hoje, o
patamar em São Paulo é de 53%, um recuo de 23 pontos porcentuais ante os 76%
verificados no fim de 2010.
O
levantamento foi feito a partir de 70 mil entrevistas de campo realizados pela
Datastore com clientes aptos financeiramente a adquirir os imóveis lançados por
mais de cem incorporadoras em cada uma dessas cidades. Em São Paulo, foram
considerados potenciais clientes com renda familiar de pelo menos R$ 8 mil
mensais. Já em mercados como Campinas e Recife, os entrevistados tinham
orçamento familiar mínimo de R$ 4 mil e R$ 3,5 mil, respectivamente.
O
recuo nas intenções de compra é explicado pela menor participação dos
investidores nesse mercado, segundo Marcus Araújo, presidente da Datastore.
"Muita gente já comprou seus imóveis para investimentos, e a demanda desse
público diminuiu", explicou. Além disso, o noticiário sobre a crise
internacional e a preocupação com possíveis influências sobre o mercado
brasileiro sustentou um quadro de apreensão entre os investidores de imóveis do
País nos últimos anos, acrescentou Araújo.
A
pesquisa mostra que, hoje, 39% das compras de imóveis de médio e alto padrão em
São Paulo são efetuadas por pessoas com o objetivo de gerar renda com aluguéis
ou obter lucro na revenda futura. No fim de 2010, esse número era de 46%. A
consequência disso é uma desaceleração generalizada no mercado imobiliário, uma
vez que os investidores são indutores de compras, segundo Araújo.
"Os
investidores são compradores mais qualificados, porque têm dinheiro na mão para
aplicar e tomam decisões rápidas. Assim, eles funcionam como uma locomotiva,
puxando o restante do mercado", disse. "Quando compram em massa,
criam uma sensação de escassez para os demais consumidores. Se deixam de
comprar, ocorre o contrário. É uma cadeia psicológica forte."
A
queda nas intenções de compra, segundo o especialista, se reflete no menor
ritmo de alta no preço dos imóveis, no menor número de pessoas nos estandes de
vendas e no maior esforço das incorporadoras para vender seus empreendimentos.
"As empresas não podem perder os clientes de vista. Cultivar o contato
após a visita dos clientes aos estandes será fundamental para fechar os
negócios", observou.
Para
os próximos meses, Araújo acredita que o ciclo de redução das taxas de juros e
aumento do prazo para financiamento imobiliário podem impulsionar a demanda,
principalmente entre os consumidores que procuram imóveis com o objetivo de
moradia. Por outro lado, pondera, o cenário mais provável é a continuação da
queda nas intenções de compra. "Ainda vai faltar a presença do
investidor", disse.
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