Mulheres
de ao menos 21 cidades do país vão às ruas neste fim de semana (16 e 17) pelo
direito de grávidas decidirem se querem ter seus filhos em casa ou no hospital.
A
“Marcha do Parto em Casa” começou a ser organizada nas redes sociais após o
Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro) pedir à entidade
paulista, o Cremesp, a punição do obstetra Jorge Francisco Kuhn, que defendeu o
direito de mulheres saudáveis optarem pelo parto domiciliar.
Em
entrevista no último domingo (10) ao “Fantástico”, da TV Globo, Kuhn afirma que
o parto “não é um procedimento cirúrgico”, mas “um ato natural”, e que mulheres
sem problemas clínicos ou obstétricos podem optar pelo parto em casa. Não há
proibição, mas o Conselho Federal de Medicina recomenda que, por segurança, os
partos sejam feitos em hospitais. O médico não foi localizado para comentar.
Até
a noite desta quinta-feira (14), a marcha havia sido confirmada em 13 capitais
e no Distrito Federal, além de cinco cidades do interior de São Paulo e outras
duas do Paraná --o principal canal da mobilização, com locais e horários, é o Facebook.
Em São Paulo são esperadas de 500 a mil pessoas. “Mas o movimento está tomando
proporções que não esperávamos nas redes sociais, então pode ser que esse
público aumente”, disse Ana Cristina Duarte, 46, obstetriz, que organiza a
marcha na capital paulista.
As
organizadoras afirmam que não defendem o parto em caso, mas o “parto
humanizado” e o direito de escolha da mulher. “O objetivo da marcha é trazer
visibilidade para a questão, que está em um terreno sombrio da legislação. Os
planos de saúde, por exemplo, não cobrem o parto em casa”, disse Ana Cristina,
que trabalha tanto em partos domiciliares como hospitalares.
Fundadora
do movimento Parto do Princípio - Mulheres em Rede pela Maternidade Ativa, a
analista de sistemas Ingrid Lotfi, 34, que organiza a marcha no Rio, afirma que
o debate deve se basear em estudos e dados científicos. “Estudos de todo o
mundo mostram que os riscos de ter um bebê em casa ou no hospital são
similares. Os números batem.”
Ingrid
diz que é importante ressaltar que, para a realização do parto domiciliar, a
mulher precisa estar em perfeitas condições de saúde. “O parto em casa muitas
vezes está associado a irresponsabilidade, mas a mulher só pode fazer essa
opção se tiver uma gravidez saudável. Por isso um bom pré-natal, em dia, é tão
importante. É ele que vai dizer quem pode e quem não pode fazer essa opção.
Também é preciso parteiras treinadas e um esquema de transporte disponível.”