Aula financeira na escola eleva poupança

Promover
a educação financeira pode aumentar em 24% a parcela da renda poupada por uma
família e agregar R$ 4 bilhões ao PIB nacional, aponta estudo feito pelo Bird
(Banco Mundial).
O
trabalho analisou um projeto-piloto do Enef (Estratégia Nacional de Educação
Financeira) desenvolvido em cerca de 900 escolas brasileiras (um total de 26
mil alunos), entre 2010 e 2011, em seis Estados brasileiros.
Em
metade dessas escolas, foram introduzidas situações didáticas de educação
financeira nas disciplinas curriculares com participação não obrigatória.
Também foram organizados workshops e atividades com os pais dos alunos
envolvidos.
Na
outra metade, houve um acompanhamento dos alunos que não tiveram nenhuma
orientação específica sobre educação financeira, um grupo "controle".
Para
medir a evolução dos alunos, foi criado um teste para avaliar a capacidade dos
alunos de programar suas finanças, calcular juros e outras competências.
A
pesquisa concluiu que, no grupo que foi orientado, os conhecimentos financeiros
tiveram um aumento de 24% (de 50 para 62 pontos), enquanto o grupo de controle
teve uma melhora de 16% (de 50 para 59 pontos).
Para
medir a autonomia financeira, o estudo perguntou aos estudantes se concordavam
com algumas proposições, como "Gosto de pensar com cuidado antes de me
decidir por comprar algo" e "Acredito que consigo poupar um pouco
todo mês".
No
grupo orientado, a melhora nesse item foi mais próxima à do grupo de controle,
(3% e 6%, respectivamente).
POUPANÇA
A
parcela dos que poupam parte de suas rendas também apresentou modificações.
Enquanto
no começo do projeto 58% dos alunos que participaram das atividades pretendiam
poupar, após a orientação esse percentual passou para 59%. No grupo sem
orientação, houve uma queda no índice.
Os
alunos orientados passaram a se dedicar mais a fazer listas de gastos e
despesas. O percentual dos que fazem algum tipo de programação passou de 11%
para 17% no grupo orientado.
AVALIAÇÃO
Segundo
Arianna Legovini, diretora do setor de pesquisas do Bird encarregado do estudo,
o objetivo foi medir, de forma independente, o efeito das intervenções
realizadas para calcular a viabilidade de implementar o projeto como política
pública.
"A
escolha da população com menor renda e menor educação foi lógica, já que o
impacto da educação financeira na vida dessas pessoas é mais urgente."
Além
disso, nas escolas públicas há um maior número de pessoas que já trabalham e,
portanto, participam de forma mais ativa das decisões sobre o orçamento
doméstico.
Legovini
diz que não se trata apenas de um condicionamento dos alunos a poupar mais.
"Consideramos importante disponibilizar a essas pessoas as informações
para que decidam no que realmente é importante investir."