Prática de exercício é irrelevante no tratamento da depressão, diz estudo

Uma
pesquisa realizada pelas Universidades de Bristol e Exeter, na Grã-Bretanha,
sugere que combinar exercícios com tratamentos convencionais pode não
influenciar as chances de melhora da depressão.
Os
pesquisadores britânicos analisaram 361 pacientes. Um grupo recebeu, além dos
medicamentos e terapia, ajuda para aumentar as atividades físicas.
Depois
de um ano, todos eles tinham menos sintomas de depressão, mas não havia
diferença entre o grupo que praticou exercício e o que não praticou.
"É
uma grande decepção, pois esperávamos que o exercício ajudasse (no tratamento)
da depressão. Mas temos que lembrar que estes eram pacientes que já recebiam
medicamentos, então, (a pesquisa) considera o exercício um complemento do
tratamento médico. Não analisou casos leves de depressão nem levou em conta o
exercício como uma alternativa aos medicamentos", disse Alan Maryon-Davis,
professor de saúde pública no King's College, de Londres.
"A
mensagem não deve ser parar com os exercícios. O exercício tem tantos outros
benefícios, é bom para doenças do coração, diminui a pressão sanguínea, tem
efeitos benéficos no equilíbrio das gorduras no sangue, fortalece os músculos e
queima calorias", diz.
"Muitas
pessoas que sofrem de depressão podem ter outros problemas também. E um corpo
ativo ajuda a ter uma mente saudável", acrescentou o pesquisador.
O
estudo foi financiado pelo NHS, o sistema público de saúde britânico, e
publicado na revista especializada British Medical Journal.
Cenário
real
A
pesquisa analisou como o estímulo à atividade física funciona em um cenário
real. Todas as 361 pessoas que participaram receberam tratamentos tradicionais
apropriados aos níveis de depressão de cada uma.
Mas,
durante oito meses, algumas pessoas em um grupo escolhido de forma aleatória
receberam aconselhamento sobre como aumentar o nível de atividade física. Os
conselhos foram dados em 13 ocasiões separadas.
Cada
um dos pacientes deveria escolher que tipo de atividade queria fazer e o quanto
deveriam praticar.
Esta
abordagem deu bons resultados, estimulando os pacientes a praticar mais
exercícios durante um tempo, algo que pode levar a mais benefícios à saúde.
Mas, no final de um ano, os pesquisadores não encontraram nenhuma redução extra
dos sintomas de depressão no grupo mais ativo.
"Muitos
pacientes que sofrem de depressão preferem não tomar os remédios
antidepressivos tradicionais, preferindo formas de terapia alternativas, que
não são baseadas no uso de remédios", disse John Campbell, do Colégio de
Medicina e Odontologia Peninsula, que também participou da pesquisa.
"Exercícios
e atividades físicas parecem prometer um tratamento como este, mas esta
pesquisa mostrou que o exercício não parece ser eficaz no tratamento da
depressão", disse.
No
entanto, de acordo com Campbell, os médicos geralmente encontram pacientes com
outros problemas de saúde e, para estes, o estímulo para a prática do exercício
pode gerar benefícios.
"A
mensagem deste estudo não é que o exercício não seja bom para você, mas que o
exercício é realmente bom para você, mas não é bom para tratar pessoas com
depressão grave", acrescentou.
"O
prazer que todos nós temos a partir de exercícios de intensidade moderada é
certamente reconhecido, mas não se sustenta e não é apropriado para tratar
pessoas com depressão", disse. BBC Brasil - Todos os direitos reservados.
É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.