Teste do Pezinho: diagnóstico ajuda bebês

Dia Nacional

Foto: Stock Xchng
Foto: Stock Xchng

Nesta quarta-feira é comemorado o Dia Nacional do Teste do Pezinho, incluso no Programa Nacional de Triagem Neonatal desde 2001. O exame deve ser realizado logo que o bebê nasce e ajuda a identificar uma série de doenças. 


O diagnóstico precoce de certas patologias, como distúrbios dos aminoácidos (fenilcetonúria), doenças endocrinológicas (como hipotiroidismo congênito), doenças hematológicas (como anemia falciforme), infecciosas (como o HIV e a rubéola), metabólicas e outras que possam prejudicar o desenvolvimento do recém-nascido podem ajudar no tratamento da criança. 

Segundo Paula Vargas, pediatra e presidente da Sociedade Brasileira de Triagem Neonatal, os testes do programa são de extrema importância. "Quando o teste do pezinho não era realizado pelo SUS (Sistema Único de Saúde), menos de 40% dos recém-nascidos tinham possibilidade de obter diagnóstico precoce, uma vez que havia baixa cobertura populacional do teste". 

Durante os 11 anos que se passaram, porém, este panorama mudou. "Em pouco mais de uma década, são mais de 20 mil pacientes identificados e em tratamento nos serviços de referência em triagem neonatal presentes em todo o território nacional, dentre os quais, 2.500 pacientes diagnosticados com fenilcetonúria, cujos pacientes e familiares recebem assistência ao longo da vida", disse a especialista. 

Fenilcetonúria

Dentre as principais patologias identificadas neste exame que afetam diretamente o desenvolvimento dos recém-nascidos estão o hipotireoidismo congênito – causado pela baixa produção dos hormônios tireoideanos –  e a Fenilcetonúria, doença pouco conhecida que, quando não identificada a tempo, traz grande impacto na vida dos pacientes e de seus familiares.

A Fenilcetonúria foi identificada em 1934 pelo Norueguês Asbjorn Folling, sendo a primeira doença metabólica para a qual se descobriu um tratamento especifico, e passou a ser pesquisada por triagem neonatal na década de 1960. A doença é causada por uma alteração cromossômica resultando no excesso do aminoácido fenilalanina no sangue (hiperfenilalaninemia). Esse excesso de fenilalanina é causado pela deficiência do co-fator enzimático BH4, necessário para que a fenilalanina seja transformada em tirosina, que é também um aminoácido e contribui na formação de hormônios da tireoide. 

O acúmulo de fenilalanina sanguínea pode causar retardo mental, com baixo desenvolvimento neurológico, podendo levar a convulsões e distúrbio do comportamento. Uma vez identificada a doença no teste do pezinho, inicia-se o tratamento que, se realizado antes dos primeiros 21 dias de vida, é possível evitar ou eliminar sequelas como retardo mental e dificuldade de crescimento. 

Com o excesso da fenilalanina e a ausência da tirosina no sangue, os pacientes afetados com esse distúrbio metabólico são submetidos à rígida restrição alimentar por toda a vida, evitando ou abolindo da dieta alimentos que contenham altos níveis de substâncias fenilcetonúricas. É de suma importância ter atenção ao substituir alimentos ricos em fenilalanina da dieta dos fenilcetonúricos para que sejam recomendados alimentos que tenham um aporte nutricional correto para cada faixa etária.

A fenilcetonúria ocorre em todos os grupos étnicos e, devido à grande variabilidade genética, a incidência em recém-nascidos pode variar de 1 a cada 2.600 até 1 a cada 26 mil, sendo a média de 1 a cada 10 mil habitantes. A incidência da doença no Brasil varia de 1 a cada 12 mil e 1 a cada 20 mil habitantes e, até o momento, não há medicamento para tratamento no País. No entanto, a manutenção do aleitamento materno, durante o tratamento, mostrou-se adequada no controle metabólico e no crescimento das crianças fenilcetonúricas.

Os danos causados pela Fenilcetonúria são praticamente irreversíveis e o teste do pezinho é o grande aliado dos pais para identificar a doença precocemente, permitindo aos pacientes o controle da patologia e qualidade de vida.

 

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