52 cidades não usam o mínimo em educação

Em
2010, 52 cidades e dois Estados não aplicaram o mínimo exigido pela
Constituição em educação --25% da receita. Os números fazem parte do balanço
mais recente do Siope, sistema eletrônico vinculado ao FNDE (Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação), que consolida as informações encaminhadas por
prefeituras e governos.
"Ele
tem que demonstrar o cumprimento [da lei]. Se não, as transferências
voluntárias com órgãos do governo federal não podem ser efetivadas",
afirma Paulo Malheiro, coordenador do sistema.
Mas
há transferências que não são afetadas: convênios nas áreas de educação, saúde
e assistência social podem ser feitas independentemente do cumprimento da
regra.
Mas
boa parte dos municípios e Estados conseguem garantir a continuidade dos
repasses federais. Isso porque tribunais de contas de Estados e municípios
consideram alguns itens como despesas em educação que não são avalizados pelo
sistema.
É
o caso do valor gasto com o pagamento de inativos da educação, aceito por
tribunais no cálculo de investimento no setor, mas desconsiderado pelo Siope.
"É
uma questão de interpretação", afirma José Clóvis de Azevedo, secretário
de Educação do Rio Grande do Sul. Segundo números do Siope, o Estado investiu
menos de 25% em educação nos últimos cinco anos -em 2010, o índice foi de
19,7%.
Segundo
Azevedo, esse índice, porém, foi de 26,9%. Ele admite que dos R$ 4,8 bilhões
destinados à educação naquele ano, R$ 1,2 bilhão foram pagos aos inativos do
setor.
Daniel
Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação destaca
dificuldade em comprovar as informações encaminhadas pelos entes da federação.
"O Siope é um avanço fundamental, mas está distante de refletir a
realidade."
Presidente
da CNM (Confederação Nacional dos Municípios), Paulo Ziulkoski alega que uma
das formas de sanar o problema é aumentar a participação da União no
financiamento do setor.
O
aumento do percentual do PIB (Produto Interno Bruto) destinado à educação é uma
das principais polêmicas do Plano Nacional de Educação, em debate no Congresso
Nacional.
Entidades ligadas ao sentual é estimado em 5%.