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Consultores
sanitários dos Estados Unidos recomendaram nesta quinta-feira a adoção da droga
Truvada como a primeira pílula preventiva contra a Aids.
O
Comitê de Aconselhamento de Drogas Antirretrovirais, que assessora a Food and
Drug Administration (FDA), agência que regula os alimentos e os medicamentos
nos Estados Unidos, aprovou por 19 votos contra 3 a prescrição do Truvada para
homens homossexuais HIV-negativos, e por 19 votos a 2 (uma abstenção) receitar
a droga para cônjuges não infectados cujos parceiros têm Aids.
O Truvada atualmente está disponível como tratamento para soropositivos em
combinação com outras drogas antirretrovirais e a FDA o aprovou em 2004. A
fabricante de medicamentos Gilead Sciences Inc., da Califórnia, apresentou uma
solicitação para poder comercializá-lo com objetivos de prevenção.
Resultados de estudos de referência publicados em 2010 demonstraram que a
droga, fabricada pela Gilead Sciences, ajudou a repelir o HIV em homens
homossexuais que adotam comportamentos de risco de 44% para quase 73%.
Mas críticos observam que a pílula é cara - custa até US$ 14 mil ao ano - e
outros alertam que o teste clínico não representa as circunstâncias do mundo
real e poderia provocar um aumento na prática de sexo sem proteção e em uma
retomada nos casos de Aids.
Os dados usados provêm principalmente do Estudo de Prevenção do HIV iPrEx,
pesquisa realizada entre julho de 2007 e dezembro de 2009 em seis países:
Brasil, Equador, Peru, África do Sul, Tailândia e Estados Unidos.
O estudo foi realizado com 2.499 homens homossexuais, inclusive 29 transexuais,
com idades entre 18 e 67 anos, sexualmente ativos, mas não infectados com o
vírus causador da Aids.
Os participantes foram selecionados ao acaso para tomar uma dose diária de
Truvada - combinação de 200 miligramas de emtricitabina e 300 milligramas de
tenofovir disoproxil fumaratoo - ou um placebo.
Aqueles que tomaram o novo medicamento com regularidade tiveram uma incidência
quase 73% menor de infecções. Em todo o estudo, incluindo aqueles que não
fizeram um uso tão seguido do Truvada, houve 44% menos infecções do que entre
aqueles que tomaram o placebo.
O método de ingestão do medicamento antes da potencial exposição ao HIV é
denominado profilaxia pré-exposição (PrEP).
Depois da publicação do estudo no periódico New England Journal of Medicine,
alguns especialistas saudaram os resultados, denominando-os de uma virada de
mesa e a primeira demonstração de que um medicamento oral já aprovado poderia
reduzir a probabilidade de infecções por HIV.
No entanto, outros alertaram para os riscos de se depender nas pessoas -
particularmente naquelas que já tiveram comportamentos de risco - em ingerir
uma pílula diária.
"Poderá haver um aumento do risco para os homens que, acreditando
falsamente estar 100% protegidos, parassem de usar preservativos. Uma redução
no uso do preservativo significaria um risco maior de transmissão e disseminação
de um vírus resistente a medicamentos", alertou em um comunicado a Aids
Healthcare Foundation.
"Os 44% que se beneficiaram do Truvada no estudo iPrex foram aconselhados
mensalmente e fizeram exames frequentes para detectar infecções sexuais, algo
que não é verossímil no mundo real", acrescentou.
Os homens homossexuais representam mais da metade dos 56 mil novos casos de HIV
nos Estados Unidos, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças do
país.
Uma análise do custo e benefício, realizada no mês passado por especialistas da
Universidade de Standford, sugeriu que o medicamento seria financeiramente
viável entre homens gays com cinco parceiros ou mais ao ano, mas seria
proibitivamente caro se promovido para todos os homossexuais masculinos.
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