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A
J&F Participações, que controla o frigorífico JBS, anuncia hoje que está
assumindo a gestão dos fundos que controlam 100% da Delta Construções. O acordo
para a venda da Delta à J&F não vai envolver dinheiro num primeiro momento,
segundo apurou o Estado.
A
negociação foi antecipada pela Agência Estado e pelo estadão.com.br ontem. Será
o primeiro passo para a aquisição, que só deve ocorrer dentro de 30 a 60 dias,
depois da avaliação dos ativos. Pelo que era discutido até ontem à noite, o
empresário Fernando Cavendish, principal acionista da Delta, entregaria sua
participação, de cerca de 80% na construtora, sem receber nada agora. Se a
operação der lucro nas mãos da J&F, Cavendish receberá dividendos em alguns
anos. Se der prejuízo, não vai receber nada. Essas são as bases da negociação,
mas Joesley Batista, da J&F, e Cavendish ainda precisam acertar vários
pontos.
Não
está combinado, por exemplo, daqui a quanto tempo seria feito o acerto de
contas. Acionistas minoritários da construtora, como a Galvão Engenharia, que
têm uma participação de 2%, continuariam na empresa.
As
informações são de profissionais que participam da operação. Delta e J&F
não quiseram se manifestar oficialmente.
Pelo
desenho negociado ontem, se der tudo certo, Cavendish seria pago de acordo com
os resultados dos cerca de 300 contratos que a Delta tem em carteira hoje. As
empresas calculam que essa carteira deveria render algo em torno de R$ 4
bilhões ao longo dos próximos quatro anos. Se ficar mesmo com a construtora, a
J&F vai trocar a diretoria.
Aposta.
De acordo com pessoas próximas a Cavendish, a aposta do empresário é que a
maior parte de seus contratos será aprovada no pente-fino realizado pela
Controladoria-Geral da União (CGU). Ele baseia sua defesa na ideia de que os
problemas da Delta estão concentrados nas operações do Centro-Oeste, área
administrada pelo ex-diretor Cláudio Abreu.
Abreu
foi flagrado nos grampos da Polícia Federal (PF) em conversas comprometedoras
com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Os dois estão
presos. A tática da defesa de Cavendish é tentar comprovar que Abreu agia por
conta própria.
Balanço.
Principal empreiteira do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e com
contratos em 21 Estados e no Distrito Federal, a Delta tem obras importantes
para a Copa do Mundo de 2014 e para os Jogos Olímpicos de 2016.
A
empresa faturou cerca de R$ 2,7 bilhões no ano passado, segundo balanço que
está para ser divulgado nos próximos dias. O resultado é um pouco inferior aos
R$ 3,1 bilhões de 2010. O balanço deve mostrar também uma reserva técnica de
aproximadamente R$ 250 milhões para contingências.
A
J&F, da família Batista, por sua vez, vive um processo de expansão que
começou com a transformação do JBS no maior frigorífico do mundo, com forte
apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), hoje
sócio da empresa. A holding controla também empresas nas áreas de higiene e
limpeza, está investindo em papel e celulose e é proprietária do Banco
Original.
No
BNDES, a operação é vista com reservas pela equipe técnica, mas o
acompanhamento é feito de longe, sem nenhuma interferência. O banco ainda
carrega os efeitos nocivos da intenção frustrada de ajuda ao empresário Abílio
Diniz no caso Pão de Açúcar versus Casino.
Além
disso, a aquisição da Delta teria muita dificuldade de ser justificada numa
avaliação da área técnica do banco.
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