Parte
de uma série intitulada 20 Grandes Russos, o volume dedicado ao ex-líder da
extinta União Soviética Josef Stalin tornou-se alvo de oficiais da prefeitura
de Moscou e da Câmara Pública da Rússia.
"Não
importa o que você pense dessa pessoa, ninguém pode negar o fato de que muitos
foram mortos sob seu governo. Se esse rosto surge na capa de um caderno
escolar, isso se torna, na minha opinião, o mesmo que colocar uma suástica do
Hitler”, argumenta Sergei Volkov, membro da Câmara Pública da Rússia,
parlamento responsável pela fiscalização do poder legislativo.
Em
entrevista à NTV, maior emissora do país, Viktor Kruglyakov, integrante da
comissão para educação e juventude do parlamento russo, classificou Stalin como
"um criminoso, um tirano sanguinário”. Para ele, "se esses cadernos
chegarem às escolas, crianças que ainda não conhecem a história poderão pensar
que é possível matar várias pessoas e, ainda assim, ser um grande ícone. Isso é
muito perigoso".
A
Alt Casa Editorial, empresa responsável pela publicação do volume, se recusou a
tirar o livro de circulação. Artyom Bilan, diretor artístico da editora, disse
à agência de notícias russa RIA Novosti que “a Câmara Pública não é um órgão
legislativo e que seu posicionamento expressa apenas a opinião pessoal de seus
representantes”. Mais além, ele diz acreditar que essa opinião "está em
completo descompasso com o que pensa a maioria dos cidadãos russos”.
Outros
volumes da série tratam de figuras como Ivan, o Terrível, Vladimir Lenin e Yuri
Gagarin. Seus editores defendem o produto como algo “utilitário, popular e
comercialmente bem sucedido”.
Há
quatro anos, uma enquête telefônica consultou cinco milhões de russos para
descobrir quem eram as personalidades mais marcantes no imaginário comum da
população. Stalin ocupou a terceira posição do ranking, atrás apenas do líder
medieval Alexandre Nevsky e do ex-primeiro-ministro Piotr Stolypin.
O
governo russo teme uma “restalinização” do país. Há três anos, uma faixa com
citações de Stalin inaugurava uma estação de trem na capital Moscou e, no ano
passado, o Partido Comunista da Rússia instalou um busto do ex-líder na cidade
de Penza.