A prisão da operadora de telemarketing
Carina Geremias Vendramini em Curitiba, no último dia 9 de março, pode ser o
elo para a desarticulação de uma quadrilha que teria realizado mais de 50
sequestros-relâmpago em São Paulo, segundo informações da Polícia Civil
divulgadas nesta terça-feira (20).
O grupo, conhecido como “gangue das
loiras”, é formado por sete pessoas, sendo um homem e seis mulheres – cinco
delas loiras. As mulheres são de classe média alta, usam carros importados e
roupas de grife. Algumas têm curso superior.
De acordo com a polícia, a quadrilha
atuava em duplas ou trios e abordava mulheres em estacionamentos de shoppings
centers e hipermercados da zona sul da cidade. Foram cerca de 50 casos em São
Paulo e há registros também no Rio de Janeiro.
Para o diretor do Departamento Estadual
de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), Jorge Carlos Carrasco, as informações
prestadas por Carina devem ajudar a polícia a chegar aos outros integrantes da
quadrilha nos próximos dias. “O grupo começou invadindo e assaltando
condomínios e, em 2009, migrou para o crime de sequestro-relâmpago."
Em uma operação conjunta da Polícia
Civil de São Paulo e do Paraná, Carina foi detida na casa onde morava com o
marido e a filha, sem oferecer resistência. Sua prisão preventiva foi decretada
e ela, levada a um centro de detenção de São Paulo.
Carina já esteve presa por sete meses
em 2008 pelo mesmo crime de sequestro-relâmpago, e foi liberada por falta de
provas. Depois da prisão, passou uma temporada na Nova Zelândia, onde conheceu
o marido, antes de voltar a praticar crimes em São Paulo.
“Bonnie e Clyde”
A polícia afirma que identificou a
quadrilha pela semelhança na maneira de agir dos sequestradores. “A princípio,
acreditávamos que eram grupos diferentes, porque eles se revezavam nas ações. O
grupo era sempre formado de um homem e uma ou duas mulheres, mas a descrição
das mulheres era sempre diferente”, explicou o delegado Alberto Pereira Matheus
Jr, da 3ª Delegacia Antissequestro, que acompanha o caso. O homem do grupo, Wagner de Oliveira
Goncalves, 37, participava de todos os crimes. Segundo o relato das vítimas,
Wagner e as parceiras de crime se tratavam por “Bonnie" e "Clyde” –em
referência à dupla de criminosos do filme americano.
Segundo o delegado, as vítimas eram
sempre mulheres sozinhas –geralmente loiras, para que as criminosas pudessem se
passar por donas do cartão de crédito roubado. Elas eram abordadas por Wagner
em estacionamentos enquanto estavam distraídas, guardando as compras no porta-malas.
A vítima era mantida rendida dentro do carro que Wagner dirigia, enquanto as
criminosas desciam com o cartão para sacar dinheiro ou fazer compras.
Em um dos últimos sequestros, em
dezembro de 2011, uma das assaltantes gastou R$ 17,5 mil em IPads e celulares
numa loja do shopping Ibirapuera, na zona sul de São Paulo. Frequentemente,
dois ou três sequestros eram praticados no mesmo dia. Mais casos foram
registrados nos shoppings Ibirapuera, Iguatemi e num hipermercado na avenida
Ricardo Jafet, na zona sul.
Embora nenhuma das vítimas tenha
sofrido ferimentos graves, a quadrilha era violenta no trato com as reféns.
“Elas levavam coronhadas, puxões de cabelo, sempre das mulheres. Wagner era ‘o
bonzinho’ do grupo”, afirma Matheus Jr.
Além de Carina e Wagner, são acusadas
de envolvimento nos crimes a irmã de Carina, Vanessa Geremias Vendramini, 23,
Franciely Aparecida P. dos Santos, 23, Priscila Amaral, 32, Simara Lian e
Monique Awoki Scasiota, que é mulher de Wagner. O grupo é da região da Bela
Vista, em São Paulo, e atua junto pelo menos desde 2008. Foram dois meses de
investigação para se chegar à identidade do grupo. Carina foi presa e os demais
continuam foragidos. Todos têm passagem na polícia por assalto ou
sequestro-relâmpago.