A
Polícia Civil de São José do Rio Preto começou a ouvir nesta quinta-feira (15)
as primeiras vítimas de um golpe que desviou pelo menos de 26 milhões das
contas de correntistas de uma agência do banco Santander, no bairro Alto de Rio
Preto, zona sul da cidade. Vinte e um correntistas - na maioria
agropecuaristas, empresários e advogados -, denunciaram o sumiço de quantias de
suas contas ao Ministério Público, que determinou abertura de inquérito
policial. Mas o prejuízo pode ter atingido as contas de mais de 40
correntistas. As informações são do portal
do Estadão.
Procurada
pela reportagem, a assessoria do banco enviou uma nota informando
que 'O Santander não comenta assuntos que são objetos de demanda
judicial'. Os gerentes acusados Fábio Roberto da Costa e Jeferson Aparecido da
Rocha, não foram localizados pela reportagem.
O
delegado do 2º DP de Rio Preto, José Luís Chaim, que apura o caso, disse que
dois gerentes do banco, Fábio Roberto da Costa e Jeferson Aparecido Rocha
- demitidos quando o Santander tomou conhecido dos desvio - são acusados
de desviar o montante para duas contas, uma poupança em nome de um dos
gerentes e outra, identificada apenas por números.
Os
desvios de altas quantias eram feitos, segundo o delegado, de diversas
formas - empréstimos fictícios, cobranças de taxas abusivas e descontos de
impostos rurais, por meio do uso de documentos falsificados. Também foram
identificados desvios via débitos em conta e outras movimentações.
A
polícia deverá identificar para onde foi o dinheiro, cujo destino até agora é
desconhecido. Quando o correntista reclamava, os gerentes faziam estorno das
quantias para as contas originais. Os dois eram gerentes de contas especiais,
chamada Van Gogh, com liberdade de fazer movimentações e aplicações para os
correntistas.
O
promotor Fábio Misculin disse que perícias deverão ser feitas para se apurar
o valor total de desvios. "Esse valor de R$ 26 milhões foram
apresentados pelas vítimas. Isso será verificado no inquérito", disse. Até
o início da noite Chaim não tinha terminado de colher os depoimentos dos
advogados Maristela Queiróz e Wesler Augusto de Lima Pereira, autores da
representação feita no MP. Pereira não foi ouvido, em seu lugar foi ouvido
Raineri Queiróz, tio da Maristela, morador em Juará (MT), também lesado em soma
milionária. Embora não tenha prestado depoimento -que ficou para esta
sexta-Pereira entregou uma grande quantidade de documentos para ser analisada.
"Estes documentos que comprovam os desvios das contas", disse
Pereira.
Convencidos
por um dos gerentes, os dois advogados levaram para a carteira da agência diversos
parentes e amigos, na maioria pecuaristas do Mato Grosso e de cidades do
Triângulo Mineiro, que também tiveram somas milionárias desviadas. "Somos
responsáveis por uma grande parcela dos correntistas que se tornaram vítimas.
Fomos todos enganados", disse.
De uma das contas da irmã da advogada, foram desviados R$ 275 mil. Somente de Maristela -filha de uma família de grandes pecuaristas de Minas e Mato Grosso- foram desviados mais de R$ 1,8 milhão. "Quando descobrimos, em setembro, tentamos um acordo com o banco, que se recusou a entregar documentos e depois se omitiu. Por isso, procuramos o MP", disse Pereira.