Piorou
muito o estado de saúde da comerciária Caroline Laila Sores, 19 anos, que foi
resgatada no domingo depois de ficar 72 horas esperando socorro dentro de um
córrego. Nesta quinta-feira, ela precisou ser levada de volta para a Unidade de
Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de Fernandópolis (SP), depois que os
médicos descobriram que ela sofrera derrames pleurais e uma embolia pulmonar. As
informações são do portal Terra.
Caroline,
que havia saído da UTI na quarta, passou por diversos exames e foi submetida a
uma drenagem torácica para a retirada do líquido da artéria pulmonar. Ela está
recebendo diversos tipos de medicação, entre eles remédios para evitar uma
possível trombose, o que agravaria ainda mais sua condição, podendo até levá-la
à morte.
Segundo
o médico Edson Betiol, a paciente apresentou dificuldades de respiração ainda
na noite de quarta, quando exames de gasometria constataram que sua pressão de
oxigênio tinha caído a 60%, quando o normal seria 90%. Após exames de
radiografia, tomografia e ecocardiograma, os médicos constataram que ela estava
sofrendo uma hipertensão pulmonar e diagnosticaram a embolia e os derrames.
"Ela voltou para a UTI e foi submetida a drenagem bilateral (dos dois
lados do corpo) de onde retiramos 600 ml de líquido de um lado e 1.200 ml de
outro", disse Betiol.
Segundo
o médico, a embolia pode ter sido causada pelas fraturas em três ossos da bacia
e em dois da perna esquerda. Os derrames pleurais teriam ocorrido em
consequência de uma recidiva pleural causada por um processo inflamatório
possivelmente decorrente da situação em que Caroline ficou depois de permanecer
três dias ferida e sem socorro. "Por enquanto, ela está respondendo bem
aos tratamentos e à drenagem", disse o médico.
O
objetivo, agora, é prevenir que a paciente possa sofrer uma trombose venal
profunda, o que acarretaria em graves danos. "Ela está tomando
medicamentos para evitarmos que isso ocorra", afirmou Betiol. O problema enfrentado
pelos médicos têm relação com os estados clínico, nutricional e metabólico da
paciente. "Ela perdeu nutrientes, teve função metabólica atingida e seu
estado clínico não permite que ela passe por cirurgias", assinalou o
médico, segundo o qual Caroline apresentou perda de nutrientes por ter ficado
muito tempo sem comer, além de ser obrigada a passar por tratamento com
medicamentos antiparasitários para evitar infecção por ter bebido água do
córrego. "Ela apresentou anemia e precisará de sangue e se recuperar muito
até que esteja pronta para passar por cirurgias para reparação das fraturas.
Isso pode demorar semanas", calcula o médico.
Caroline
se acidentou quando viajava pela rodovia Elyezer Montenegro Magalhães (SP-463),
região de Rio Preto, para visitar um amigo em Jales (SP) na noite de quinta
para sexta-feira da semana passada. Na altura do trevo do município de
Populina, ela dormiu ao volante e perdeu o controle do carro, que saiu da
pista, capotou numa ribanceira e caiu em um córrego. Sem forças para pedir
ajuda, ela foi socorrida somente na noite de domingo, quando um casal parou
para dar carona a um amigo e ouviu seus gritos. Ela sobreviveu bebendo a água
suja do córrego.