Setor imobiliário espera receber milionários, fruto da oferta de ações
Facebook na bolsa dos EUA

O
Facebook apresentou nessa quarta-feira seu pedido para entrar na bolsa
americana, e o Vale do Silício espera receber os "milionários
instantâneos", fruto dessa aguardada oferta de ações, que poderão gastar
sua nova riqueza e investir no setor imobiliário da região.
Oito anos depois de Mark Zuckerberg fundar a empresa em um quarto da
universidade de Harvard, espera-se que a estreia na bolsa valorize a gigante
das redes sociais em cerca de 100 bilhões de dólares.
Enquanto Zuckerberg e outros executivos da empresa se beneficiam da companhia
há anos, a entrada na bolsa poderá enriquecer, agora, grande parte de seus
empregados de cargos baixos e médios.
Os corretores locais afirmam esperar que a operação será a maior deste tipo
para uma empresa tecnológica e impulsione os preços já altos das habitações no
Vale do Silício, quando os novos milionários da gigante das redes sociais
começarem a comprar.
"Terá um grande efeito", disse Pierre Buljan, um agente imobiliário
do Vale do Silício especializado em jovens executivos do ramo da tecnologia.
"Acredito que os mil novos milionários precisarão de um lugar onde
morar", acrescentou.
Buljan disse que seu cliente típico busca, com frequência, "estruturas
modernas de alta tecnologia", próximas ao aeropuerto e em bairros cujas
escolas tenham boa reputação. "Não lhes agrada as regiões onde seus
pais costumavam viver", disse.
Normalmente os clientes pagam em dinheiro as casas que podem custar entre 370 a
1.400 dólares por metro quadrado.
A agente imobiliária Dawn Thomas disse que já está observando o aumento dos
preços das habitações nas áreas urbanizadas próximas à sede do Facebook em
Menlo Park, uma tendência que a vendedora espera que continue. "Vamos ter
um monte de milionários instantâneos na rua", disse.
Thomas descreveu seus compradores como "muito, muito preocupados com o
meio ambiente", e disse, além disso, que buscam casas pequenas, bem
equipadas tecnologicamente, com artigos de última geração e que façam uso
eficiente da energia. "Não querem as clássicas mansões enormes que
consumem muita energia", acrescentou.
Contudo, tanto Thomas como Buljan lembraram que levará um tempo para observar o
efeito real do movimento do Facebook. No entanto, os próprios executivos
da rede social poderiam estar tomando medidas para evitar um aumento
desenfreado dos preços que poderia levar a outra bolha imobiliária.
Buljan afirmou que ouviu dizer que a empresa pediu a seus futuros empregados
milionários que esperem algum tempo antes de comprar uma nova habitação, para
evitar que acabem competindo entre si.
"São muito jovens, entre 20 e 30 anos, e a verdade é que estão recebendo
bons conselhos por parte dos executivos da empresa", disse Buljan.
"Não querem que (a entrada na bolsa) resulte em um monte de loucos fazendo
compras", acrescentou.
É um bom aviso, concordou San Hamadeh, presidente da empresa de pesquisas
financeiras PrivCo. Hamadeh explicou que os empregados normalmente começam
a vender suas participações 180 dias depois que a empresa entra na
bolsa. Mas, disse, também que recomenda aos empregados a resistir à
tentação de contrair dívidas contra suas participações imediatamente depois
desses seis meses.
Com ofertas anteriores, "muita gente foi prejudicada por se comprometer a
pagar grandes parcelas por suas habitações" que depois não puderam pagar
quando os preços das ações baixaram, acrescentou.
Por outro lado, segundo Hamadeh, as ações deveriam ser vendidas lentamente, sem
esperar que os preços aumentem indefinidamente. "Quando eles
começarem a vender, todos os demais podem começar a vender", disse
Hamadeh. "Entre a entrada na bolsa e os seis meses subsequentes, pode
surpreender como as ações despencam às vezes", alertou.