Depois
de mais de 17 anos separados, pai e filho se reencontraram neste sábado na
cadeia do plantão policial de São José do Rio Preto. Os dois foram presos em
lugares e por crimes diferentes - o pai por ameaça e o filho por roubo. Eles
praticamente se conheceram na delegacia, porque o pai, de 54 anos, tinha visto
o filho pela última vez quando ele tinha 1 ano e quatro meses. O jovem não
sabia quem era o pai.
A
polícia prendeu o desempregado Orival Raimundo de Souza Júnior, 19 anos,
acusado de roubar, há aproximadamente 10 dias, um posto de gasolina de Rio
Preto. Quando o rapaz foi levado para a delegacia e apresentou os documentos,
os policiais constataram que o pai dele, o motorista Orival Raimundo de Souza,
54 anos, também era procurado pelo crime de ameaça e estava sendo levado para a
delegacia naquele momento, pois havia sido localizado pela PM minutos antes.
O
fato inusitado surpreendeu policiais militares e civis e o delegado João
Lafayette Sanches Fernandes. Segundo o sargento PM João Eduardo, que presenciou
o encontro, o pai ficou emocionado, mas o jovem não se comoveu com a história.
"O pai ainda tentou explicar ao filho o motivo pelo qual se afastou dele,
mas de nada adiantou", disse o PM.
"Eu
já tinha visto esse cara na rua, mas eu nem imaginava que fosse meu pai",
disse o jovem, que em seguida justificou sua reação. "Ele matou minha mãe;
não tenho nada com ele. Cada um que viva sua vida", afirmou. O motorista
foi preso neste sábado por um crime cometido em 2008, mas já tinha passagem
pela polícia. Segundo o delegado plantonista Mauro Truzzi Otero, Souza ficou
preso pela morte da ex-mulher, Rita de Cássia Giule, em 1994. Segundo Otero,
Souza tinha mandado expedido em 2010, pela 3ª Vara Criminal de Rio Preto, para
cumprir pena em regime semiaberto.
Mesmo
assim, o motorista prometia recompensar o filho. "Eu vou explicar para ele
como foi o caso com a mãe dele e vou recompensá-lo, vou mandar um carro para ele",
disse, emocionado. O delegado Fernandes afirmou que os dois não ficariam presos
juntos na cadeia do plantão. No começo da noite, eles foram removidos para a
carceragem da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), onde também ficariam em
celas separadas.