Promotores
do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do
Ministério Público de São Paulo, apreenderam nesta quarta-feira centenas de
documentos, computadores, agendas e outros materiais reunidos como prova para
um inquérito sobre licitação fraudulenta de obras bancadas com recursos de
emendas parlamentares da Assembleia Legislativa de São Paulo. A operação foi
deflagrada nas cidades de São José do Rio Preto, Nhandeara e Guapiaçu, no
interior do Estado. As informações são do
portal terra.
O
Ministério Público de Nhandeara apura se a reforma e ampliação da creche
municipal de Floreal, a 520 km de São Paulo, foi paga com emenda parlamentar
vendida. A denúncia de vendas de emendas foi feita em agosto pelo deputado
Roque Barbiere (PTB), segundo o qual colegas seus estariam negociando verbas
públicas provenientes de emendas e indicações parlamentares para empreiteiras e
prefeituras de São Paulo.
O
inquérito, reaberto após as denúncias de Barbiere se tornarem públicas,
investiga se o ex-vereador de Nhandeara Fabricio Menezes Marcolino (PTN) e seu
sócio, o engenheiro José Luís Andreossi, se beneficiaram do esquema ao fazer a
obra da creche, que custou R$ 139.870,86 e foi garantida por emenda apresentada
em 2007 pelo ex-deputado Arthur Alves Pinto (PL).
Um
empresário denunciou ao MP que foi pressionado a abandonar a concorrência
depois de receber um aviso de que a licitação já tinha sido "vendida"
a Marcolino. Na ocasião, a denúncia foi arquivada, mas acabou reaberta depois
das denúncias de Barbiere.
Além
de ser acusado de se beneficiar com a obra de Floreal, Marcolino também é
acusado de ser intermediador do esquema de venda de emendas do ex-deputado José
Antonio Bruno (DEM), o Zé Bruno, com prefeitos do interior.
A
empresa de Marcolino, Andreossi Construções e Empreendimentos, arrecadou mais
de R$ 1,1 milhão em licitações de obras financiadas pelo governo do Estado em
nove municípios, entre 2010 e 2011. Marcolino é sócio do engenheiro José Luís
Andreossi, que também teve sua casa e seu escritório vasculhados.
Segundo
o promotor João Santaterra, do Gaeco de Rio Preto, as blitze foram efetuadas
por cinco promotores, outros dez servidores do MP e 40 policiais militares.
"Foram feitas apreensões em quatro residências dos envolvidos em Rio Preto
(uma delas em condomínio de alto padrão) e Nhandeara; num escritório de uma
empresa de Construção Civil, de Rio Preto; e num imóvel que era utilizado por
outra empresa de construção civil, possivelmente de fachada, localizado em
Guapiaçu. Em nenhum momento encontramos os envolvidos", disse Santaterra.
O promotor afirmou que o prefeito de Floreal também está sendo investigado em inquérito criminal aberto por determinação da Procuradoria-Geral de Justiça. O inquérito terá continuidade com a análise do material recolhido e com as oitivas dos envolvidos.